por Isabel Teixeira
Com sangue de roteirista correndo nas veias, ele ilumina os menores detalhes e nos leva com suavidade a visualizar, por exemplo, sua chegada em São Paulo, quando tinha 16 anos de idade em cima de um caminhão de mangas logo depois da Segunda Guerra Mundial, em 1946.
Depois de passar alguns dias descarregando frutas no mercado municipal de São Paulo, onde também dava um jeito de arranjar um canto para dormir, foi acolhido por Madame Paulette, uma judia francesa que conheceu num prostíbulo da Rua Aimorés, no centro da cidade. Pressionado e orientado por Paullete, que dizia que Lima precisava canalizar aquele “temperamento ensandecido”, logo arranjou um emprego no rádio. Tinha feito um teste para locutor mas, devido à sua “voz de sovaco”, acabou admitido para ligar as válvulas do estúdio. Chegava cedo e testemunhava a transmissão dos primeiros programas, os matinais.
Em pouco tempo já participava ativamente imitando galinhas e porcos com tanta maestria que Oduvaldo Vianna o transformou num sonoplasta de marca maior. Em seguida passou para a radionovela. Quando a televisão foi inaugurada, em 1950, Lima já estava lá. Hoje, depois de 70 anos, sabemos muito da trajetória grandiosa desse que nos presenteia e emociona com inúmeros personagens marcantes.
Isabel Teixeira é diretora, dramaturga, pesquisadora e atriz formada pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo. Fundou a Cia. Livre de Teatro, na qual também realizou trabalhos como atriz. Na mesma companhia, em 2005, coordenou o projeto Arena Conta Arena 50 Anos, vencedor dos prêmios Shell e APCA. Em 2009 ganhou o Prêmio Shell de Melhor Atriz, além de outras indicações.