Fotografia do mural (imagem: André Seiti)
Articulador de multidões
A parceria circense de Benjamim de Oliveira com toda a diversidade cultural e social de seu tempo evidencia a presença de um vasto público em suas realizações. A plateia que o assistia no início do século XX contava com trabalhadores teatrais, artistas de várias expressões, carnavalescos, capoeiristas, Tias Ciatas, advogados abolicionistas, letrados de toda estirpe, cineastas, ativistas políticos e todo o complexo, emaranhado e expandido tecido social do período. Hoje, distintas pessoas têm pedaços dele em suas experiências vividas; são pesquisadores, artistas, filhos, netos, bisnetos e tataranetos, e todas essas pessoas, em grande união, lhe dedicam seus mais estrepitantes aplausos.
O mural reproduzido na fotografia abaixo foi pintado para o espaço expositivo da Ocupação Benjamim de Oliveira e retrata algumas dessas pessoas.
Clique nos nomes para conhecer cada uma das pessoas retratadas no mural.
1. Anacleto de Medeiros
2. Irineu de Almeida
3. Paulino Sacramento
4. Artur de Azevedo
5. Chiquinha Gonzaga
6. Manuel Pedro dos Santos (Baiano)
7. João da Baiana
8. Catulo da Paixão Cearense
9. João Alves
10. João Cândido Felisberto (Almirante Negro)
11. Hilária Batista de Almeida (Tia Ciata)
12. Bucy Moreira
13. Pixinguinha
14. José Floriano Peixoto
15. Oscarito
16. Henrique Escudero
17. Juçara Oliveira
18. Maria Eliza Alves dos Reis
19. Daise Alves dos Reis Gabriel
20. Mariana Gabriel
21. Barry Charles Silva
22. e 23. Emerson Elias Merhy e Erminia Silva
24. Verônica Tamaoki
25. Daniel de Carvalho Lopes
26. Alice Viveiros de Castro
27. Maria de Fátima Pontes
28. Lívia Mattos
29. Jackson do Pandeiro
30. Clementina de Jesus
31. Chrispim do Amaral
32. Juyraçaba dos Santos Cardoso
33. Jaçanan Cardoso Gonçalves
34. Jaciara Gonçalves de Andrade
35. José Carlos Cardoso Gonçalves
36. Jairo Cardoso Gonçalves
37. Jane Beatriz Cardoso Gonçalves
38. Fernanda Faustino Gonçalves
39. Rodrigo Gonçalves de Andrade
40. Victor Gonçalves de Andrade
41. Eduardo Faustino Gonçalves
42. Juliana Monteiro Cardoso
43. Gregory Murphy Gonçalves
44. Leticia Gonçalves de Andrade
45. Lara Faustino Borges
46. Kara Courtnie Gonçalves
47. Mariana Sobral de Andrade
Benjamim de Oliveira: aos olhos, ouvidos e sorrisos das multidões
por Erminia Silva
Há 25 anos eu iniciava as pesquisas do doutorado pegando nas mãos de Benjamim de Oliveira e caminhando com ele numa das aventuras mais importantes da minha vida. Nesses percursos fui sendo informada e descobrindo os protagonismos de homens, mulheres e crianças circenses nas produções culturais da América Latina. Ao iniciar a pesquisa, mais sustos. Encontrei uma quantidade enorme de circos memorizados por diversas fontes dos séculos XIX e início do XX. Ao pegar na mão de Benjamim, pude conhecer as distintas formas de espetáculos circenses e, particularmente, distintas e misturadas mulheres, homens e crianças sentados na geral e nas cadeiras.
Acompanhando os passos de Benjamim, compreendi o circo como um ofício que abria um leque de atuação dos artistas, convertendo-os em verdadeiros produtores culturais. Ser conduzida por sua mão, de seus mestres e parceiros, permitiu-me observar características significativas que compunham o conjunto do trabalho circense e que acabaram por orientar este estudo: a contemporaneidade da linguagem circense, a multiplicidade da sua teatralidade e o diálogo e a mútua constitutividade que estabeleciam com os movimentos culturais da sua época. É possível, assim, lançar novos olhares e questões sobre as complexas relações entre os agentes envolvidos na construção do espetáculo: os circenses; os artistas não circenses, que se apresentavam nos picadeiros; o público e empresários da comunicação.
No seu fazer-se artista circense e acompanhando suas trajetórias, em particular na cidade do Rio de Janeiro, temos um Benjamim articulador que tece redes na capilaridade urbana-cultural-artística-política. Por isso, em todos os meus encontros com os vários Benjamins, tomando suas mãos, o que percebi foi a invisibilidade que se fazia sobre as histórias das/os artistas circenses, particularmente das parcerias que elas/eles realizavam com os habitantes de cada praça pelas quais passavam, e com todas e todos as/os artistas locais: dos mestres de bandas e seus músicos, dos atores e autores de todas as formas de representações teatrais: seja o dito “erudito, sério” ou os ditos “ligeiro” – vaudevilles, teatro de variedades, mágicas, revistas do ano, music halls; autores teatrais (nesses distintos formatos); arranjadores mise-en-scène, coreógrafos, cenógrafos, músicos (que tocavam, cantavam e dançavam), grupos carnavalescos, políticos de distintos lugares, capoeiristas, as Tias Ciatas e os frequentadores de seus terreiros de samba e de candomblé que “mesclavam o baile, o sarau, a roda de samba, o candomblé e por onde circulavam todas as esferas da sociedade (do esnobe literato ao policial ou ao partideiro capoeirista da Saúde)”; os filhos das Tias que se tornaram músicos e musicistas, que fazem parte também das histórias da música brasileira e seus distintos ritmos; negros e negras abolicionistas; advogados negros abolicionistas/republicanos; jornalistas/cronistas/letrados/escritores; fotógrafos/cineastas do início do século XX; ativistas importantes em revoltas como a da Chibata.
A mistura deliciosa, na plateia circense, também se dava com maior intensidade quando aí emergiam os inúmeros escravizados ou ex-escravizados; trabalhadores de todas as frentes de pequenas fábricas, prostitutas da Vila Mimosa – todos vindos da Cidade Nova. Faziam parte desses grupos os doceiros e quituteiros, as baianas com seus tabuleiros cobertos com alvas toalhas rendadas, os baleiros, “o português do refresco geladinho de abacaxi e laranja […] e das empadinhas de camarões quentes”.
A todos esses grupos, espectadores e vendedores, eram colocados bondes para o final do espetáculo que, em seus percursos, passavam pelos bairros da Cidade Nova até o centro da capital.
A parceria circense, em particular do Benjamim, com toda a oferta e a diversificação cultural do início do século XX, evidencia a presença de vários agentes na sua criação, circulação e comércio: artistas, autores, empresários e produtores. Os artistas, nesse processo, adquiriram maior visibilidade e alcance, sendo vistos, ouvidos e consumidos em grande escala. Circenses homens e mulheres foram protagonistas das origens das gravações musicais em disco, do cinematógrafo ao cinema, das origens do rádio e, por fim, da TV; a maiorias dos artistas cariocas compartilhava com Benjamim suas produções teatrais e musicais.
Mas não ficamos apenas com as relações contemporâneas de Benjamim. Fazem parte da plateia mulheres e homens que também se encontraram com esse nosso guia, ou seja, Benjamim esteve e está em vários corpos até hoje, desde 1870. Distintas pessoas têm pedaços dele em suas experiências vividas. Assim, tomamos a liberdade poética de estender o Benjamim articulador que não se encerrou em 1954. Quero acreditar que a pesquisa iniciada há 25 anos gerou distintas visibilidades dele nas multidões que voltaram a reconhecê-lo; distintas formas de memórias foram dando visibilidade a quem o havia assistido, trabalhado com ele, pesquisado sobre ele. Estão, então, na plateia pesquisadores circenses, artistas que cruzaram com ele, mas, principalmente, estão todos os herdeiros de Benjamim e sua companheira Victória: filhas, filhos, netas, netos, bisnetas, bisnetos, tataranetas e tataranetos.
Desta forma, este trabalho tem uma assertiva: não se pode estudar a história do teatro, da música, da indústria do disco, do cinema, da cenografia, da coreografia, da dança, das festas populares no Brasil sem considerar que o circo foi um dos importantes veículos de produção, divulgação e difusão dos mais variados empreendimentos culturais. Os circenses atuavam num campo ousado de originalidade e experimentação. Divulgavam e mesclavam os vários ritmos musicais e os textos teatrais, estabelecendo um trânsito cultural contínuo das capitais para o interior e vice-versa. É possível, até mesmo, afirmar que o espetáculo circense era a forma de expressão artística que maior público mobilizava durante todo o século XIX até meados do XX.
1. Anacleto de Medeiros (1866-1907)
Compositor, maestro e instrumentista, Anacleto de Medeiros é filho de mulher escravizada liberta e foi batizado com o nome do santo do dia. Estudou na escola interna da Companhia de Menores do Arsenal de Guerra dos 9 aos 18 anos e integrou a banda da instituição, dirigida pelo maestro Antonio dos Santos Bocot. Em 1883, matriculou-se no Conservatório de Música do Rio de Janeiro, onde estudou com Francisco Braga, autor do “Hino à bandeira nacional”. Ao mesmo tempo, trabalhou como aprendiz na Tipografia Nacional, quando criou a Banda do Clube Musical Gutenberg. Nesse período, frequentou as rodas de choro do centro do Rio de Janeiro e começou a compor. Foi na década de 1890, criando com mais assiduidade, que se tornou reconhecido no circuito musical carioca.
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2. Irineu de Almeida (1863-1914)
Conhecido como Irineu Batina, o músico foi um dos primeiros professores de Pixinguinha e integrante da Banda do Corpo de Bombeiros, que teve como primeiro regente Anacleto de Medeiros. Trombonista, tubista e tocador de oficleide – instrumento popular do choro no começo do século XX –, participou das gravações do grupo Choro Carioca. Foi responsável por arranjos de músicas escritas para peças parodiadas ou adaptadas por Benjamim de Oliveira, além de integrar a banda do Circo Spinelli.
3. Paulino Sacramento
Paulino Sacramento foi um dos principais parceiros musicais e de arranjos de Benjamim de Oliveira. Músico, trompetista e regente de banda, em 1910 auxiliou o artista circense na adaptação da opereta A viúva alegre, de Franz Lehar.
4. Artur de Azevedo (1855-1908)
Jornalista, escritor e dramaturgo, Artur de Azevedo – irmão do romancista Aluísio de Azevedo – foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1897. Traduziu e adaptou peças e operetas, e escreveu livros e teatro de revistas, além de colaborar frequentemente em periódicos, entre eles Diário do Rio de Janeiro, Correio da manhã e O paiz, espaços em que construiu diversas críticas aos espetáculos circenses do Circo Spinelli e de Benjamim de Oliveira.
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5. Chiquinha Gonzaga (1847-1935)
Compositora, instrumentista e maestrina, Chiquinha Gonzaga é autora da primeira marcha carnavalesca com letra, “Ó abre alas” (1899). Pioneira, também é a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Sua trajetória foi marcada pela mediação entre a cultura popular e a erudita. Suas composições também estiveram presentes no teatro musicado e em operetas.
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Acesse também o site da Ocupação Chiquinha Gonzaga.
6. Manuel Pedro dos Santos, o Baiano
Um dos grandes cantores populares do país no início do século XX, tendo participado do primeiro grupo de cantores profissionais da Casa Edison – pioneira gravadora no Brasil –, ao lado de Cadete, Mário Pinheiro e Eduardo das Neves. Baiano é o astro do primeiro disco brasileiro, Isto é bom, de 1902, e gravou a voz do samba “Pelo telefone”. O artista também aparecia em propagandas e crônicas como integrante do elenco do Circo Spinelli entre 1910 e 1913. Apresentou-se, sozinho ou em dupla, como palhaço-cantor nos espetáculos, geralmente com o rosto pintado de branco. Ainda participou como ator de diversas peças, pantomimas e operetas. Representou o papel de Conde Danilo na primeira montagem de A viúva alegre, no Circo Spinelli – papel que, depois, pertenceu a outros dois palhaços negros: Benjamim de Oliveira e Eduardo das Neves.
7. João da Baiana (1887-1974)
João da Baiana ganhou esse apelido por causa de sua mãe, a Tia Perciliana, uma das Tias Baianas. Entre seus 11 irmãos, um deles, conhecido como Mané, foi palhaço do Circo Spinelli. Participou desde cedo de rodas de candomblé, samba e outras tradições culturais afro-brasileiras. Foi nesses encontros que aprendeu a tocar pandeiro, seu principal instrumento. Iniciou sua trajetória artística com Pixinguinha e Donga, além de ter atuado no circo e em emissoras de rádio como percussionista. Foi convidado por Almirante, na década de 1950, a formar o conjunto Velha Guarda.
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8. Catulo da Paixão Cearense (1863-1946)
Poeta e importante compositor da música popular brasileira. Interrompeu os estudos em 1882 para ser cantador no Rio de Janeiro. Trabalhou também como professor entre o final do século XIX e o começo do XX. Compôs modinhas e obras poéticas.
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9. João Alves (1871-1954)
Filho de mãe escravizada, João Alves pertenceu à primeira geração do circo. Tornou-se empresário e proprietário do Grande Circo Theatro Guarany – inaugurado em 1909 e vendido em 1954, quando ele faleceu –, que percorreu todo o território nacional pouco tempo depois da abolição da escravatura. A fim de realizar seus espetáculos, ele costumava fretar todos os vagões de um trem para o transporte de seus artistas, equipamentos e animais.
10. João Cândido Felisberto (1880-1969)
Também conhecido pela alcunha de Almirante Negro, João Cândido Felisberto foi um militar brasileiro da Marinha de Guerra do Brasil, líder da Revolta da Chibata (1910), que lutou contra o uso de chibatadas como método de punição a oficiais negros após a abolição da escravatura. Por causa da revolta, João Cândido foi perseguido por toda a sua vida – sendo expulso da Marinha, preso e internado como louco. Em sua trajetória artística, Benjamim de Oliveira montou uma peça em homenagem a ele.
11. Hilária Batista de Almeida (1854-1924)
Mãe de santo e cozinheira respeitada, é considerada a mais famosa das Tias Baianas. Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, teve um papel fundamental no surgimento do samba no Rio de Janeiro, entre o final do século XIX e o início do XX, promovendo a cultura popular trazida da Bahia e a cultura negra nas nascentes favelas cariocas. Sua casa era frequentada por artistas que se tornaram pioneiros do samba, entre eles Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Sinhô e Mauro de Almeida. A música “Pelo telefone” (1916) – importante marco da história da música popular brasileira – nasceu de improvisos nos encontros feitos em sua casa.
12. Bucy Moreira (1909-1982)
Nascido no Rio de Janeiro, o compositor e instrumentista é um dos netos de Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata. Foi com a avó que Bucy Moreira aprendeu o passo “miudinho”, modo de sambar com os pés juntos. Sua filha, Gracy Mary Moreira, fundou em 2015 o Espaço Cultural Casa da Tia Ciata, que mantém viva a memória da matriarca do samba.
13. Pixinguinha (1897-1973)
Maestro, compositor, instrumentista, arranjador e orquestrador, é um dos maiores compositores da música popular brasileira. A vasta obra musical de Pixinguinha abrange gêneros como valsa, polca, jazz, maxixe, samba e, sobretudo, choro. Sua formação inclui o estudo formal da música, o que lhe possibilitou ler e escrever partituras.
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14. José Floriano Peixoto
Um dos primeiros atletas e fisiculturistas brasileiros, José Floriano Peixoto, também conhecido como Zeca Floriano, é filho do Marechal Floriano Peixoto – presidente do Brasil de 1891 a 1894, frequentador de circo e admirador de Benjamim de Oliveira. Paralelamente à sua carreira como atleta, Zeca Floriano também atuou em apresentações circenses, como ginasta, acrobata e domador de animais. Criou o Circo Floriano, excursionando entre 1915 e meados de 1940.
15. Oscarito (1906-1970)
Famoso pela dupla com Grande Otelo, Oscarito é um dos grandes artistas cômicos do Brasil. Iniciou sua aprendizagem circense no Circo Spinelli com 1 ano de idade e, aos 5, apareceu vestido de índio na pantomima Os guaranis, adaptada por Benjamim de Oliveira.
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16. Henrique Escudero
Henrique Escudero atuou na década de 1910 no Rio de Janeiro, tendo gravado mais de cem discos, como compositor, instrumentista e regente. Foi parceiro de Benjamim de Oliveira em diversas peças e operetas, como Tiro e queda!… e O diabo entre as freiras.
17. Juçara Oliveira
Filha de Benjamim de Oliveira e Victoria Maia de Oliveira.
18. Maria Eliza Alves dos Reis, o Palhaço Xamego (1909-2007)
Nascida em 1909 em São José do Rio Pardo (SP), quando o circo do seu pai, João Alves, se exibia na região, Maria Eliza passou 50 anos de sua vida trabalhando exclusivamente no Grande Circo Theatro Guarany. Foi cantora, caricata e protagonista de inúmeras peças até se transformar no Palhaço Xamego no final da década de 1930. Substituindo o irmão, que era o Palhaço Gostoso, ela se apresentou no picadeiro interpretando um palhaço homem. Maria Eliza divertiu seu público e tornou-se uma pioneira sob as lonas, seguindo a carreira até os 70 anos, mesmo depois que o Circo Guarany foi vendido, em 1958.
19. Daise Alves dos Reis Gabriel
Realizadora dos projetos Xamego, a primeira palhaça negra do Brasil, protagonista do filme Minha avó era palhaço e pesquisadora sobre sua mãe, a atriz Maria Eliza Alves dos Reis. Ao lado de sua filha, Mariana Gabriel, realizou os projetos Os caminhos do negro João Alves por esse país de meu Deus (contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2017-2018) e Guarany, histórias do circo dos pretos. Apresentou-se com força de cabelo e contorcionismo no circo de sua família até os 10 anos de idade e, durante a adolescência, formava trio com sua mãe e seu irmão em programas de televisão e em outras companhias circenses, quando chegou a protagonizar uma das mais aplaudidas peças da época, Cabocla Tereza.
20. Mariana Gabriel
Filha de Daise Alves dos Reis Gabriel e neta de Maria Eliza Alves, o Palhaço Xamego, Mariana Gabriel tornou-se cineasta, jornalista e palhaça e, hoje, retoma a história de sua família materna – a família Alves –, que é tradicional do circo, do Grande Circo Theatro Guarany. Dirigiu o curta-metragem Iara do Paraitinga, os documentários Circo Paraki e Minha avó era palhaço e a série documental Guarany, histórias do circo dos pretos.
21. Barry Charles Silva (1931-2012)
Pai da pesquisadora Erminia Silva, Barry Charles Silva é de família europeia e circense. Ele e seus irmãos se tornaram portadores de todos os saberes do circo. Foram artistas completos. Aos 20 anos, junto com um irmão e sua mãe, Barry tornou-se o proprietário legal do circo da família. Como artista, fez sua estreia no picadeiro aos 6 anos, realizando número de saltos e dandys. Em 1982, encerrou as atividades do circo, iniciado pelo seu avô no século XIX. Presenciou Benjamim de Oliveira com o rosto todo pintado de branco no Teatro Circo Dorby, por volta da década de 1940.
22. Emerson Elias Merhy e 23. Erminia Silva
Cocuradora da Ocupação Benjamim de Oliveira, Erminia Silva é da quarta geração circense no Brasil. Pesquisadora e coordenadora do site Circonteudo, é autora de diversas publicações e artigos, entre eles o livro Circo-teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil, que contextualiza a história do circo e de Benjamim de Oliveira como um dos grandes responsáveis pela teatralidade nos espetáculos circenses.
Emerson Elias Merhy, médico sanitarista, professor titular de saúde coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
24. Verônica Tamaoki
Formada pela primeira escola de circo do Brasil, a Academia Piolin de Artes Circenses (1977-1983), é autora de livros sobre o universo circense, como O fantasma do circo e Circo Nerino. A partir de seu trabalho e acervo, criou o Centro de Memória do Circo, em conjunto com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, sendo esse centro a única instituição de toda a América Latina dedicada exclusivamente à memória e à cultura circense.
25. Daniel de Carvalho Lopes
Graduado em licenciatura pela Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (FEF/Unicamp) e integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa nas Artes Circenses [Circus – FEF/Unicamp – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)], Daniel de Carvalho Lopes é coordenador do site Circonteudo e atuou como pesquisador na Ocupação Benjamim de Oliveira.
26. Alice Viveiros de Castro
Atriz, diretora de teatro e especialista em circo – autodefinindo-se como acrobata mental. Abraçou o circo em 1979, quando conheceu Gugu Olimecha, Oscar Polydoro e Labanca. É autora do livro O elogio da bobagem – palhaços no Brasil e no mundo.
27. Maria de Fátima Pontes
Graduada em artes cênicas e mestre na área da educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É arte-educadora, atriz, produtora cultural e professora de teatro. Há 23 anos coordena a área executiva e artística da Escola Pernambucana de Circo – instituição com 25 anos de atividade, vinculada à Rede Circo do Mundo Brasil, sendo um dos centros de referência de formadores em circo social.
28. Lívia Mattos
Acordeonista, circense, cantautora e socióloga. Artista da cena, começou a sua história no picadeiro e continuou nos palcos como instrumentista e performer. Integrou companhias de circo na Bahia e em São Paulo, entre elas a Companhia Picolino. Seguiu seu caminho autoral desenvolvendo performances – como A sanfonástica mulher-lona – e lançando o álbum Vinha da ida.
29. Jackson do Pandeiro (1919-1982)
Cantor, percussionista e compositor, é conhecido como o Rei do Ritmo, por sua habilidade em promover encontros de diferentes gêneros e construir novos arranjos para a música popular brasileira, especialmente entre canções tradicionais nordestinas e a música de origem afro-brasileira. Transita entre ritmos como cocos, xaxados e frevos, além de incorporar a inspiração das batucadas dos ritos religiosos em suas gravações.
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30. Clementina de Jesus (1902-1987)
Clementina de Jesus conviveu desde criança com canções em língua banta e aprendeu com a mãe ladainhas, benditos, partidos-altos, cantigas de trabalho, jongo, corimás, pontos de macumba e caxambu. Participou de escolas de samba e agremiação carnavalesca. Como cantora, gravou seu primeiro disco solo em 1966 e, em 1968, gravou o LP Gente da antiga ao lado de Pixinguinha e João da Baiana. Também cantou sambas de Dona Ivone Lara, Aldir Blanc e Paulo da Portela, entre outros artistas.
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31. Crispim do Amaral (1858-1911)
Desenhista, caricaturista, ilustrador, cenógrafo, decorador e pintor, trabalhou como cenógrafo e decorador no Teatro Providência e, em seguida, no Teatro da Paz, ambos em Belém do Pará. Entre 1894 e 1896, fez a decoração do Teatro Amazonas. Já em 1909, na inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, compôs o cenário de uma das representações da noite. Um ano antes, junto com Benjamim de Oliveira, respondeu pela mise-en-scène de A princesa de cristal. Também era responsável pela publicação O theatro.
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32. Juyraçaba dos Santos Cardoso
Neto de Benjamim e filho de Jacy de Oliveira Cardoso e Manoel dos Santos Cardoso.
33. Jaçanan Cardoso Gonçalves
Neta de Benjamim e filha de Jacy de Oliveira Cardoso e Manoel dos Santos Cardoso.
34. Jaciara Gonçalves de Andrade
Bisneta de Benjamim de Oliveira e filha de Jaçanan Cardoso e José Gonçalves.
35. José Carlos Cardoso Gonçalves
Bisneto de Benjamim e filho de Jaçanan Cardoso Gonçalves e José Gonçalves.
36. Jairo Cardoso Gonçalves
Bisneto de Benjamim e filho de Jaçanan Cardoso Gonçalves e José Gonçalves.
37. Jane Beatriz Cardoso Gonçalves
Bisneta de Benjamim e filha de Jaçanan Cardoso Gonçalves e José Gonçalves.
38. Fernanda Faustino Gonçalves
Tataraneta de Benjamim e filha de José Carlos Cardoso Gonçalves.
39. Rodrigo Gonçalves de Andrade
Tataraneto de Benjamim e filho de Jaciara Gonçalves de Andrade.
40. Victor Gonçalves de Andrade
Tataraneto de Benjamim e filho de Jaciara Gonçalves de Andrade.
41. Eduardo Faustino Gonçalves
Tataraneto de Benjamim e filho de José Carlos Cardoso Gonçalves.
42. Juliana Monteiro Cardoso
Bisneta de Benjamim e filha de Juyraçaba Santos Cardoso e Francisca Virgilia Pereira Monteiro.
43. Gregory Murphy Gonçalves
Tataraneto de Benjamim e filho de Jairo Cardoso Gonçalves.
44. Leticia Gonçalves de Andrade
Tataraneta de Benjamim e filha de Jaciara Gonçalves de Andrade.
45. Lara Faustino Borges
Tataraneta de Benjamim e filha de Fernanda Gonçalves.
46. Kara Courtnie Gonçalves
Tataraneta de Benjamim e filha de Gregory Gonçalves.
47. Mariana Sobral de Andrade
Tataraneta de Benjamim e filha de Rodrigo Gonçalves.