Texto dos Curadores
A Ocupação Haroldo de Campos – H LÁXIA está estruturada em oito núcleos, distribuídos entre o Itaú Cultural e a Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. No instituto, tem-se a instalação H LÁXIA, concebida com base na obra-mestra de Haroldo, Galáxias, que convida a uma imersão sensorial, na qual o público pode interagir com a obra, deixando sua voz gravada. A bibliocasa de Haroldo, repleta de livros, é remontada e traz uma seleção de obras que focalizam diálogos pessoais e textuais que o autor estabeleceu com poetas, críticos e teóricos brasileiros e estrangeiros. Foram escolhidos livros com anotações e dedicatórias, edições especiais, fotos, manuscritos e datiloscritos que documentam essas relações, bem como edições de obras em vários idiomas traduzidas por Haroldo.
Na Casa das Rosas, é apresentado o percurso poético de Haroldo. A sala o â mago do ô mega abriga os cartazes originais dessa série, que integraram a histórica Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) em 1956. Nesse ambiente, pode ser ouvida uma composição musical com oralização de poemas pelo próprio autor. O cotidiano é enfocado na sala Percurso Poético, com a poesia participante (também em defesa da própria poesia) incluída em A Educação dos Cinco Sentidos; a paixão do escritor por sua esposa, Carmen de Arruda Campos, companheira de toda a vida, e o fascínio por gatos estão registrados nos textos que integram Crisantempo: no Espaço Curvo Nasce Um.
No ambiente A Máquina do Mundo Repensada, exibem-se trechos desse longo poema, em diálogo com Dante, Camões e Drummond, ligando a poesia e a tradição do pensamento à física contemporânea. O espaço Do Céu ao Chão gira em torno de Signantia: quasi coelum/signância: quase céu, obra que, em vez de seguir o caminho percorrido por Dante em A Divina Comédia, traça um itinerário inverso, do paraíso ao inferno. A instalação focaliza a última parte do livro, a “Coda”, fazendo as palavras pender do alto, como coisas, marcos indicadores de uma descida ao mais profundo.
O percurso culmina com Um Lance de Dados, de Mallarmé, matriz do pensamento de Haroldo, obra que ele também traduziu. No espaço externo da Casa das Rosas, é reproduzido o poema Servidão de Passagem, instalação metalinguística em que transeuntes podem ler esse poema de 1962 e constatar seu vigor e sua atualidade.
Frederico Barbosa, Gênese Andrade, Livio Tragtenberg e Marcelo Tápia
curadores