Abdias Nascimento
Franca (SP), 1914 – Rio de Janeiro (RJ), 2011
Noventa e sete anos de uma vida intensa. Assim a biografia de Abdias Nascimento poderia ser resumida em uma frase. Ativista, considerado por muitas pessoas como o nome mais importante da luta contra o racismo no Brasil do século XX, artista plástico, professor, poeta, ator, diretor teatral, político. Abdias era muitos. Foi muitos. É muitos. Abdias permanece, na importância do seu legado, na força da sua palavra.
A seguir (aqui e ao longo das demais seções), conheça a cronologia que abrange os fatos mais importantes da vida, da obra e da luta de Abdias Nascimento.
1914 – Nasce em Franca, interior de São Paulo, no dia 14 de março, filho do sapateiro José Ferreira do Nascimento e da doceira Georgina. Seus pais são católicos devotos, mas sua mãe também simpatiza com o kardecismo. No total, o casal veio a ter seis meninos e uma menina.
Infância (s.d.) – Mora no bairro da Cidade Nova e frequenta a comunidade negra Engenho do Mato, próxima à fronteira norte da cidade de Franca.
1922/1927 (aproximadamente) – Ajuda no orçamento doméstico trabalhando como entregador de leite e carne nas casas de famílias de classe média e realizando a limpeza de consultórios médicos. Trabalha também como chefe do almoxarifado do Departamento da Companhia Elétrica de Franca. Depois que conclui o primeiro grau, ingressa no curso noturno de contabilidade, no Ateneu Francano.
1929 – Viaja para São Paulo pela primeira vez, representando a cidade de Franca como velocista. Assiste ao desfile em favor de Júlio Prestes, que concorria à Presidência da República em oposição à candidatura de Getúlio Vargas. Eleito no ano seguinte, Júlio Prestes suspenderá a proibição do ingresso de negros na Guarda Civil e de crianças negras nas competições de “bebês eugênicos” promovidas pelo Serviço Sanitário de São Paulo.
1929/1930 – Abdias se muda para São Paulo, alistando-se como voluntário do Exército. Incorporado ao 2º Grupo de Artilharia Pesada, sediado em Quitaúna (Osasco), participa da revolução desencadeada pela eleição de Júlio Prestes (1930) e pela deposição de Washington Luís em favor de Getúlio Vargas, nomeado presidente em novembro de 1930. Nesse contexto político, Abdias não participa dos combates realizados durante a Revolução de 1930. No mesmo ano, perde a mãe e retorna a Franca para o funeral.