A EXPERIÊNCIA AMERICANA E O ENCONTRO COM O DESIGN
Em 1956, a fim de conhecer o Museu da Filadélfia (originalmente Pennsylvania Museum & School of Industrial Art), Aloisio Magalhães incluiu a cidade em seu roteiro de viagem pelos Estados Unidos (com bolsa concedida pelo Departamento de Estado Americano). Lá se interessou pela escola da instituição e, após encontro com seu diretor E.M. Benson, foi convidado a retornar e a ali permanecer por dois meses como professor.
Foi quando então conheceu Eugene Feldman, artista gráfico e impressor proprietário da The Falcon Press, também professor na escola. Ao frequentar sua oficina, Aloisio Magalhães fez uma ligação entre o ofício de tipógrafo praticado em O Gráfico Amador com a necessidade de reprodução em escalas maiores. “Ele realmente queria me proporcionar uma apresentação verdadeira do processo de impressão em offset”, escreveu ele, em texto publicado posteriormente no livro A Herança do Olhar: o Design de Aloisio Magalhães.
Juntos, Aloisio Magalhães e Eugene Feldman produziram Doorway to Portuguese (750 exemplares) e Doorway to Brasília. “Aquele primeiro livro foi uma espécie de testemunho da experiência pela qual Gene e eu estávamos passando”, escreveu Aloisio Magalhães sobre o amigo. “Agora, em Doorway to Brasília, tínhamos um livro completamente livre. Tínhamos somente uma coisa em nossas cabeças. Vamos usar esse evento, dissemos, o fato de uma nova capital estar sendo construída, para ver o que podemos tirar de lá e utilizar na tecnologia de impressão.”
De volta ao Brasil, Aloisio Magalhães percebeu as possibilidades de ampliação de circulação de sua obra plástica por meio do design, em projetos que poderiam transpor criações em arte e se tornar tangíveis à vida cotidiana.
The Falcon Press
Improvisação Gráfica
“Improvisação Gráfica”, 1958.
A pequena publicação contém, em cada uma das folhas, uma citação literária de autores que Aloisio admirava (como Goethe, João Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade-) interpretada graficamente por ele. Para composição desta peça, ele utilizou diferentes técnicas de impressão para atingir os resultados desejados.
Doorway to Brasilia
“Agora, em Doorway to Brasilia, tínhamos um livro completamente livre. (…). Vamos usar esse evento, dissemos, o fato de uma nova capital estar sendo construída, para vermos o que podemos tirar de lá e utilizar na tecnologia de impressão”, escreveu Aloisio Magalhães, em 1977, sobre o processo de criação deste livro ao lado do designer Eugene Feldman (1921-1975). Em Doorway to Brasilia, as imagens fotográficas originais foram trabalhadas graficamente no limite do seu reconhecimento, proporcionando, a um só tempo, a visão da capital em construção e a percepção de novas formas de representação gráfica.
Feldman, fundador da The Falcon Press, era também diretor do Departamento de Design Tipográfico da Philadelphia Museum College of Art (antigo School of Art), onde Aloisio passou três meses como professor visitante. Tornaram-se amigos, criaram e produziram, além do livro Doorway to Brasília (primeira publicação sobre cidade), a publicação Doorway to Portuguese (1957).