o artista plástico

Pan-American Union

Aloisio nos Estados Unidos, em frente a uma das telas expostas na Pan-American Union, 1956. | imagem: fotógrafo desconhecido / acervo Alosio Magalhães

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Walker Art Center

Exposição no Walker Art Center, Minneapolis, 1962. | imagem: fotógrafo desconhecido / acervo Aloisio Magalhães

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O Artista Plástico

Ariano Suassuna: “Não aceito a tendência moderna de separar a linguagem do sentido, pois acho que elas fazem um todo, no qual o sentido tem maior importância”.

Aloisio Magalhães: “Bem, essas são indagações bem estranhas ao campo da pintura e eu não sou senão um pintor, com todas as limitações e vantagens que a definição de atitude significa. Mas, até onde posso perceber, não se trata de prioridade de uma ou de outra, trata-se da maneira de encará-los. Quando ouço uma frase, posso tomá-la como portadora de um pensamento ou como simples aglomerado de palavras”.

(Diálogo do escritor paraibano Ariano Suassuna com Aloisio Magalhães sobre a natureza de sua pintura, em 1958. Amigos, os dois conviveram na Faculdade de Direito do Recife.)

Como pintor, Aloisio Magalhães estava, em certa medida, na contramão da arte Brasil. Nas décadas de 1950 e 1960, um projeto construtivo marcava a arte concreta brasileira. “Tenho um certo mal-estar – que acredito não lhe ser estranho – diante dessas classificações esquemáticas”, disse ele em diálogo com Ariano Suassuna.

Para Aloisio Magalhães, interessavam-lhe, primeiramente, as cores e a paisagem brasileiras, os temas de seu país. Fez assim pinturas abstratas e aquarelas. Inicialmente, trabalhava em seu ateliê de pintura na Rua Aurora, margeada pelo Rio Capibaribe, no Recife, cidade cercada por água (e, não por acaso, escreveu o crítico e historiador da arte brasileira, Clarival do Prado Valladares, que Aloisio Magalhães foi um “pintor da imagem refletida”).

Em 1952, foi para a Europa onde, por dois anos, estudou museologia no Louvre (Paris) e aprendeu a fazer gravura – técnica com a qual se familiarizou. Ao retornar, começou a expor sua obra: no Recife, no Departamento de Documentação e Cultura, na Bienal Internacional de São Paulo (três vezes), no Salão Nacional de Arte Moderna.

Em 1956, apresentou no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) a exposição A Aventura da Linha, que trazia uma apresentação de Ariano Suassuna, amigos desde o tempo da faculdade. Nesse mesmo ano, realizou uma mostra nos Estados Unidos, na Pan-American Union, em Washington. Logo em seguida, em 1957, expôs na Roland Aenlle Gallery, em Nova York. Nessa exposição, Alfred Barr, então o curador do Museum of Modern Art (MoMA), adquiriu para o acervo do museu a obra Paisagem, de 1956. Daí em diante, Aloisio Magalhães participou de algumas outras mostras, chegando a integrar a representação brasileira da 30a Bienal de Veneza.

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Petite Galerie

Vernissage da exposição na Petite Galerie, em 1961. | imagem: fotógrafo desconhecido / acervo Aloisio Magalhães

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Canaviais

Canaviais, anos 1950. Óleo sobre tela, 70x50cm. Aloisio Magalhães.

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Ao retornar de Paris em 1953, após um período de dois anos, Aloisio Magalhães deu início a uma vasta produção de pinturas que oscilam entre a representação de traços da paisagem nordestina e a busca pelos elementos formais ali contidos. A série Canaviais, a que essa pintura óleo pertence, exemplifica o jogo de representações com que Aloisio opera constantemente em sua pintura da época.

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Sem Título, 1957. Tinta tipográfica sobre tela, 50x70cm. Aloisio Magalhães.

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Após estadia nos Estados Unidos, em que lecionou na Philadelphia Museum School of Art em 1957, o contato com a arte americana daquele momento e com as possibilidades do design fez Aloisio Magalhães voltar a pintar com uma perspectiva mais abstrata. Utilizando a espátula e a tinta tipográfica, sua pintura adere ao plano e, simultaneamente, adquire um aspecto gráfico, onde os volumes se dão através de superposições e somas, que se tornaram características de parte de sua obra.