Jovem
Biografia
Antonio Nóbrega nasceu em Recife, Pernambuco, em 1952. Começou a carreira artística como violinista. Participou da Orquestra de Câmara da Paraíba e da Orquestra Sinfônica do Recife nos anos 1960, até o convite de Ariano Suassuna para integrar o Quinteto Armorial (1972 a 1980) também como compositor. Na época, interessado na origem dos nomes das músicas que tocava com o quinteto, descobriu o Boi Misterioso de Afogados e criou o Boi da Meia Hora e o Boi Castanho no Reino do Meio-Dia, com os quais aprendeu a dançar frevo e outros ritmos e danças regionais. A partir de então iniciou o desenvolvimento de um estilo próprio e uma busca incessante por conhecer a cultura popular brasileira.
O gosto pelas manifestações fez com que Nóbrega também expandisse seu aprendizado para o teatro e criasse personagens que marcariam sua carreira misturando diversas expressões regionais brasileiras em seus figurinos, seus gestos e suas histórias. Tonheta e João Sidurino, dois alter egos antagônicos de Nóbrega que disputam Rosalina, foram os mais famosos, presentes nos espetáculos Figural (1990), Brincante (1992) e Segundas Histórias (1994).
Além destes, Antonio Nóbrega também é autor de diversos outros shows, peças de teatro e espetáculos musicais, como A Bandeira do Divino (1976), A Arte da Cantoria (1981), Maracatu Misterioso (1982), Madeira que Cupim Não Rói (1987), O Reino do Meio-Dia (1989), Romance (1992), Circorama (1992), Mateus Presepeiro (1985), Na Pancada do Ganzá (1995), Pernambuco Falando para o Mundo (1998), Pernambuco (1999), O Marco do Meio-Dia (2000), Lunário Perpétuo (2002), Sol a Pino (2003), Danças Brasileiras (2004), Nove de Frevereiro (2005), Passo (2008), Naturalmente − Teoria e Jogo de uma Dança Brasileira (2009), Mátria (2011) e Lua (2012). Inspirado na cultura popular brasileira, Nóbrega mistura em suas obras música, dança, teatro, circo e literatura.
Wilson Freire (jornalista), Bráulio Tavares (jornalista), Walter Carvalho (diretor), Rosane Almeida (esposa), Eveline Borges (figurinista), Antonio Zé Madureira (Quinteto Armorial) e Ariano Suassuna foram alguns dos nomes que acompanharam Nóbrega e criaram personagens, figurinos e músicas em parceria com o artista durante sua vida.
Juntamente com sua mulher, Rosane, idealizou e dirige em São Paulo, desde 1992, o Instituto Brincante, que ministra cursos, oficinas, mostras e encontros que procuram apresentar aos próprios brasileiros um Brasil ainda pouco conhecido. Além do violino, Nóbrega tem se dedicado ao bandolim, instrumento que, segundo ele, o aproxima mais do choro. Atualmente trabalha com Walter Carvalho na gravação de um longa-metragem cuja estreia está prevista para 2013. Ainda em 2013, Nóbrega deve lançar oficialmente a Companhia de Dança Antonio Nóbrega.
Família
Pai e filho
Irmãos
Vocação
“Foi meu pai quem descobriu em mim vocação musical. Ele notava que nas horas das refeições eu ficava TAMBORILANDO com os dedos na mesa. Para ele aquele procedimento deveria ser coisa de quem levava jeito para a música. Na época, eu tinha 7 para 8 anos e ele era diretor de um centro de saúde onde um dos funcionários tinha uma irmã violinista da Orquestra Sinfônica do Recife. Foi ela, essa senhorinha pequenina, corcunda, de “crecas” nos cabelos, dona Belinha, quem me introduziu na música, ensinando-me a tocar VIOLINO, instrumento ao qual me afeiçoei até hoje. Nunca entendi a ligação que meu pai havia feito entre o batuqueiro de mesa e violinista.“
Antonio Nóbrega
Grupo
O músico
“Eu já demonstrava interesse pela DANÇA, pelo TEATRO e por INSTRUMENTOS MUSICAIS desde o tempo em que mantinha um conjunto musical com as minhas irmãs. Isso, mais ou menos, entre os meus 12 e 16 anos. Nesse conjunto eu já tocava alguns instrumentos, fazia uns arremedos de dança e cantava. Quem nos incentivava e promovia era o meu pai, que tinha um gosto muito grande pelo grupo. Outra coisa é que, por essa época também, eu me inscrevi nuns CONCURSOS DE CANTO, declamação e oratória que aconteciam anualmente no colégio Marista onde estudava. O diabo é que em todos que eu me metia me saía bem. É mole? Mas somente a partir do meu encontro com a cultura popular – já em 1970 – pude direcionar e potencializar melhor essa vocação de artista generalista, multidisciplinar ou multifacetado, como alguns dizem. Ainda hoje eu não sei como me apresentar.“
Antonio Nóbrega
Grupo com as irmãs
Encontro com Rosane
Apesar de curitibana, Rosane conhece Antonio em Recife. Lá eles se casam e depois de dois anos mudam-se para São Paulo.
Seção de vídeo
Encontro com Nóbrega
A atriz, bailarina, professora e fundadora do Instituto Brincante (ao lado de Antonio Nóbrega), Rosane Almeida, fala sobre como conheceu Nóbrega e sobre seu envolvimento com cultura popular
Família (2)
Curiosidade
“SEMPRE TIVE MUITA CURIOSIDADE INTELECTUAL. Acho que o germe dessa curiosidade está na figura de meu AVÔ, Manoel da Nóbrega – não o da televisão, um outro que era escritor, professor de inglês, tinha uma imensa biblioteca e gostava muito de conversar comigo. Os temas eram sempre puxados para o GRAVE. Dessa convivência guardo o interesse pelos livros e, naturalmente, por temas graves. No cursinho pré-vestibular, conheci um pessoal que tinha predileção por esses temas e, depois, Ariano [Suassuna] – que embora seja uma pessoa que impregna de riso tudo o que fala, é também um homem do universo do grave. Quando falo de pessoas graves estou apenas querendo dizer que são pessoas para quem o mundo é constantemente um motivo de desassossego. Pessoas que, seja através da arte, da política, do ensino etc. estão sempre querendo entender e, de alguma forma, melhorar o destino humano. Pessoas que até hoje me acompanham.”
Antonio Nóbrega
Seção de vídeo
Cultura popular e cultura erudita
Antonio Nóbrega faz uma reflexão sobre o uso da palavra folclore e sobre distinção feita entre o que é a cultura popular e o que é a cultura erudita