Festa

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Flávio, em seu ateliê-casa. Fotografia de Isamara Lando (1979), cromo reproduzido por Renato Cury | Acervo Flávio Império

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Pintura e Muita Bandeira

De Renina Katz para Flávio Império. Esse texto foi utilizado no convite da exposição Pintura e Muita Bandeira, individual do artista realizada no Spazio Pirandello, em São Paulo, em dezembro de 1980

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Flávio, em seu ateliê-casa. Fotografia de Isamara Lando (1979), cromo reproduzido por Renato Cury | Acervo Flávio Império

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Flávio, em seu ateliê-casa. Fotografia de Isamara Lando (1979), cromo reproduzido por Renato Cury | Acervo Flávio Império

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A exposição

Por Vera Hamburger

A Ocupação Flávio Império é uma instalação em homenagem ao artista e marca o início dos trabalhos de digitalização do Acervo Flávio Império, assim como a construção do site sobre sua vida e obra – projetos a serem postos em andamento por meio do apoio do Itaú Cultural.

Artista brasileiro reconhecido nacional e internacionalmente, Flávio Império (1935-1985) tem a multidisciplinaridade como característica primordial de sua atuação. Arquiteto, professor, desenhista, gráfico, pintor, cenógrafo e figurinista, atuou com destaque em cada uma das formas artísticas que experimentou. Entrelaçando-as, propôs renovações de linguagem nos diversos campos da expressão, numa visão original do papel do artista e de sua obra.

Inspirados pelo artista e exposições que realizou, propomos a transformação do espaço da Ocupação em um lugar onde o espírito de festa mistura-se ao ateliê de trabalho artístico e a experiência prática coloca-se como forma de aprendizado fundamental, chamando a atenção para a importância do compartilhar a criação humana com liberdade.

Num recorte radical, frente à multidisciplinar e vasta obra de Flávio (e aos 120 metros quadrados disponíveis para o evento), optamos por centrar foco na serigrafia, atividade que perpassa sua produção nas diversas formas de linguagem em que atuou. Através da visualização das telas matrizes originais e da experimentação ao vivo da ação artística em Ateliê, esperamos trazer um pouco do espírito desse artista à esquina da Avenida Paulista, no ano de 2011.

Criadas, produzidas e utilizadas por Flávio na elaboração de inúmeras gravuras, bandeiras, pinturas e cenários, as telas figuram hoje como quadros pintados, sem querer, ao longo do tempo e por conta do acaso criativo. Peças que guardam as marcas da ação das impressões realizadas, do oscilar entre a tinta e a lavagem. Meio de produção, as telas ganham aqui outro status – obras do meio.

No Ateliê, o visitante, com ajuda dos monitores, terá a liberdade de manipular cópias de telas de Flávio, reproduzidas em diferentes dimensões, e realizar sua leitura através da criação/confecção de novas experiências. Na escolha da tinta, na forma de passá-la sobre a tela, o traço do visitante irá sobrepor-se ao de Flávio e criará, no varal de secagem, uma exposição de peças realizadas em conjunto. Quatro mãos pintam e se lambuzam. Autores se multiplicam sobre uma mesma obra.

A edição dos filmes em super-8, realizados pelo artista e seus parceiros de toda hora, imprime caras e bocas de uma época que nos parece importante resgatar. As imagens foram feitas na casa da Aclimação, em São Paulo, comunidade de amigos reunidos em moradia nos anos 1970, nas inúmeras viagens pelo Brasil, na casa do Bexiga e arredores, sua residência/ateliê da virada da década de 1980. Registros que, como cadernos de anotação, destacam pontos de seu interesse ao mesmo tempo em que nos trazem um pouco desse tempo compartilhado.

Bom foi ter Helio Eichbauer como parceiro desta empreitada, sua delicadeza, clareza e dedicação. Com mãos que se encaixaram, organicamente, às do artista na concepção de um espaço expositivo original. Um projeto a quatro mãos fraternais, colocando em diálogo a obra e o pensamento do artista com o espaço, o tempo e o visitante de hoje.

Cenógrafo contemporâneo de Flávio Império, Helio bebeu de fontes próximas; compartilhou diretores, atores, grupos produtores e prêmios do teatro brasileiro desde os anos 1960. Um, descendente de italianos da Bela Vista; outro de família ítalo-alemã nascido e criado no Rio de Janeiro. Os dois encontram-se hoje na esquina da Avenida Paulista para fazer um ateliê em celebração.

Essencial também o apoio de Amélia Império Hamburger, Ernst Hamburger e Renina Katz, assim como o trabalho de Humberto Pio Guimarães e Yuri Quevedo na pesquisa.

Fazendo parte da exposição, em ambiente virtual, o site Ocupação Flávio Império traz depoimentos de parceiros de trabalho, pesquisadores e familiares. O espaço do auditório dá lugar a um ciclo de encontros que discutem o papel do artista nas diversas áreas de atuação – no espetáculo, no plano do objeto, na arquitetura e na sala de aula. Diferentes pontos de vista sobre o homem contribuem para a compreensão do artista e seus trajetos.

Um ciclo de filmes traz exemplos da diversificada atuação de Flávio. Absurdos, registro do espetáculo do Balé da Cidade de 1984 e 1981, nos quais colaborou na concepção geral, roteiro e direção além dos cenários, figurinos e iluminação, tendo a seu lado Susana Yamauchi, Loira Cerroti e Caca Andreatta; o longa metragem O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla, de 1969, cenografado por Flávio; o documentário Bixiga, de Inês Cardoso, que utiliza, postumamente, imagens do filme super-8 A Pequena Ilha do Bexiga de autoria do artista; Os Doces Bárbaros, cenografia de Flávio, documentário sobre a turnê dos baianos, dirigido por Jom Tob Azulay.

A realização deste evento só foi possível graças à existência do Acervo Flávio Império. Produto da dedicação de familiares, amigos e parceiros do artista, reunidos pela Sociedade Cultural Flávio Império. Através do apoio de instituições como Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, Fapesp, CNPq, IEB USP e FAU-USP, essa associação, sem fins lucrativos, deu o respaldo necessário à implementação do Projeto Flávio Império, com o objetivo de preservação e divulgação de sua obra e pensamento. Sob coordenação-geral de Amélia Império Hamburger importantes ações de divulgação da obra ganharam espaço – como a exposição retrospectiva Flávio Império em Cena, no SESC Pompeia, em 1997, e o livro Flávio Império, organizado pela parceria Amélia e Renina Katz, publicado da EDUSP em 1999, entre outras – e o Acervo tomou forma.

Seu rico conteúdo é de completude rara, tanto no que permite a visualização e compreensão sobre a trajetória de um artista, sua obra multidisciplinar e pensamento, quanto no que diz respeito à historiografia das manifestações artísticas do país num período de efervescência cultural (1955 – 1985). Catalogado, acondicionado e organizado este material oferece subsídios à pesquisa acadêmica, em diversas áreas, assim como apoio à realização de eventos expositivos plurais – exposições, instalações, vídeo e cinema – como este que se apresenta.

Flávio Império, um artista de mil suportes de linguagem. Pesquisador da poesia do espaço, da poesia da cena do quadro. Estudante dos costumes. Amante da festa, do fazer.

Mês de junho… junina.

Aí vai nossa festa!

Este trabalho é dedicado à minha mãe, querida Amélia.

Vera Império Hamburger fez a concepção e a coordenação de conteúdo da Ocupação Flávio Império. Arquiteta, formada pela FAU/USP, é diretora de arte, cenógrafa e professora. No cinema, vem realizando trabalhos ao lado de diretores como Hector Babenco, Walter Lima Jr., Monique Garden- berg, Cacá Diegues, Cao Hamburger, Eliane Caffé, Philippe Barcinski, Sérgio Rezende e Tata Amaral. Participou de montagens como as óperas Tosca e Il Trittico, de Puccini; da Ópera dos 500 Anos, de Naum Alvez de Souza; e de espetáculos de dança como Nazareth (Grupo Corpo). Cenografou peças dirigidas por José Celso Martinez Corrêa e João Falcão, por exemplo. Na área de exposições, fez parcerias com Paulo Pederneiras, na Brasil 500 anos – Arte Indígena e Arqueologia.

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Seção de vídeo

Super 8mm

Imagens captadas em super 8mm por Flávio Império e amigos

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Mangarás

Mangarás, sem data
Serigrafia sobre papel
31 x 128 cm | reprodução fotográfica de Renato Cury | Acervo Flávio Império

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operar múltiplo

Flávio Império comparece de maneira mais completa e visceralmente multifacetada pela multimídia, dominando uma quantidade de atividades complexas do lado visual (como faziam os grandes homens artistas-artesões da renascença) e, ao mesmo tempo, indagando e reinventando o lado humano da nossa história da arte. Defino claramente a questão do seu operar múltiplo como de importância básica na arte brasileira.
 

Maria Bonomi, em entrevista para a jornalista Mariana Lacerda

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Alegria de fazer

Hélio Eichbauer
Cenógrafo, figurinista e professor; é um dos renovadores da cenografia brasileira moderna. Foi amigo de Flávio e seu companheiro de trabalho em algumas ocasiões.

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Matriz Serigráfica
reprodução fotográfica de Ding Musa | Acervo Flávio Império

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Matriz Serigráfica
reprodução fotográfica de Ding Musa | Acervo Flávio Império

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Matriz Serigráfica
reprodução fotográfica de Ding Musa | Acervo Flávio Império

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Ação criativa

Paulo Von Poser
Artista plástico e arquiteto. Trabalhou como professor-assistente de Flávio no curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Belas Artes.

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Flávio, em seu ateliê-casa. Fotografia de Isamara Lando (1979), cromo reproduzido por Renato Cury | Acervo Flávio Império

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Ateliê-casa de Flávio. Fotografia de Isamara Lando (1979), cromo reproduzido por Renato Cury | Acervo Flávio Império

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Permanente

Flávio Motta
Professor, historiador da arte, desenhista e pintor. Foi contemporâneo de Flávio na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).

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Exposição

Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer

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Exposição (2)

Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer

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Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer

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Exposição (4)

Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer

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Exposição (5)

Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer

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Exposição (6)

Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer

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Exposição (7)

Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer

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Exposição (8)

Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer

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Exposição (9)

Exposição, no piso térreo do Itaú Cultural, em São Paulo | imagem: Rubens Chiri | Concepção e coordenação de conteúdo: Vera Hamburger | Cenografia: Helio Eichbauer