As grandezas do ínfimo
Nos versos de Manoel de Barros, o diminuto – em tamanho e importância – se monumenta. Do caco de vidro à pedra do rio, do inseto ao andarilho, das andorinhas de junho ao trabalho do poeta, tudo o que o imediatismo despreza se mostrava digno da atenção e da estima do autor de Matéria de Poesia (1970) – livro em cuja estrofe inicial Manoel já declarava: “Todas as coisas cujos valores podem ser / disputados no cuspe à distância / servem para a poesia”.