O INÍCIO DE UM LEGADO
Maria Duschenes – na época Maria Ranschburg – nasceu em 26 de agosto de 1922, em Budapeste, na Hungria.
Sua relação com o movimento teve início ainda criança, quando, dos 11 aos 15 anos, Maria estudou em uma escola cuja metodologia se baseava nos estudos de Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950). Para ensinar música a seus alunos, o pedagogo austro-suíço realizou uma extensa pesquisa sobre a integração entre a melodia e a expressão corporal.
Durante um ano Maria estudou balé com o coreógrafo húngaro Aurel von Millos (1906-1988). Em 1937 entrou para a Escola de Artes de Dartington Hall, no sul da Inglaterra, onde teve contato com a pesquisa do coreógrafo e teórico da dança e do movimento Rudolf Laban (1879-1958).
Em 1939 a instituição foi fechada em razão de bombardeios da Segunda Guerra Mundial, e a bailarina então partiu para o Brasil, onde já residia parte de sua família.
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A personalidade de Maria – Ocupação Duschenes (2016)
O filho e o neto do casal Duschenes – Ronaldo Duschenes e Daniel Duschenes, respectivamente – e a professora e pesquisadora em dança Cássia Navas falam de sua presença tímida, delicada, muito potente e um pouco resignada, de uma bailarina que teve de aprender a dançar em outros territórios.
Improvisação
“A dona Maria tinha muita escuta também; apesar de ser uma pessoa que poderia estar falando muito, ela escutava muito. Então esses gestos dela, de escuta, acolhimento e, principalmente, de simplicidade, são gestos que eu procuro sempre manter perto de mim, porque acho que foram os grandes ensinamentos dela como pessoa.”
– Renata Macedo Soares
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D. Maria
Imagens registradas originalmente em super-8 por Herbert Duschenes.
O papel da dança moderna expressiva na vida atual
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Hands
Imagens registradas originalmente em super-8 por Herbert Duschenes.
“Ela era muito criativa, era uma pessoa que florescia o tempo inteiro, estava sempre dando flor, e acho que isso fazia grande diferença para ele [Herbert]. Eram as pequenas epifanias do dia a dia dele, não precisava mais falar nada; eles já estavam havia muitos anos casados, não precisava fazer mais nada, ela só precisava ser ela mesma ali e fazer as coisas dela, e eu acho que ele absorvia isso também com muita intensidade, com muita paixão.
E minha avó era uma pessoa muito delicada em todos os sentidos, fisicamente e de trato. Uma pessoa finamente educada, delicada – da delicadeza com o ser humano, qualquer ser humano. Ela nunca iria ser rabugenta, ela era muito tolerante. Mais do que isso, ela era cuidadosa, uma pessoa que cuidava com esmero das coisas, das pessoas em volta. Ela era uma doadora o tempo inteiro, uma pessoa que dava flor mesmo.”
– Daniel Duschenes