A literatura nos ajuda a dar uma forma ao caos. De verso em verso, de frase em frase, ela nos oferece chances de organizar as maneiras como enxergamos o mundo e entendemos a vida. Era por essas e outras razões que o crítico literário e professor Antonio Candido (1918-2017) acreditava que o acesso aos livros deveria ser garantido a todos. “Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos”, disse ele no ensaio “O Direito à Literatura” (1988), “e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável”.
Para tentar garantir um amplo acesso aos seus próprios textos – que renovaram o campo da crítica literária no Brasil –, Candido lançava mão de uma linguagem clara, livre de jargões e alcançada por meio de um rigoroso trabalho de escrita, bastante semelhante ao de um poeta ou ficcionista. Os materiais reunidos nesta 40ª edição do programa Ocupação Itaú Cultural permitem ao público entrar em contato com esse processo e com outros aspectos da personalidade e da produção do crítico e educador, também reconhecido pela sua militância política. Cadernos com notas redigidas em diferentes fases da vida, esboços de artigos, planos de aulas, cartas e fotos são alguns dos itens que, doados pela família do intelectual ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), compõem a exposição. A curadoria da mostra é assinada pelo Itaú Cultural e pela designer e editora Laura Escorel, neta de Candido.
Realizada no ano que marca o centenário de nascimento do homenageado, a Ocupação Antonio Candido ainda conta com um site – itaucultural.org.br/ocupacao –, que traz entrevistas em vídeo e outros conteúdos ligados a esta e às outras edições do programa.