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Paraquedas coloridos

Ailton Krenak alia uma perspectiva crítica sobre a sociedade atual com provocações que apontam outros potenciais de mundo. A partir do entrelaçamento com a terra e da sabedoria herdada do seu povo, o pensador contesta valores como “civilização” e “produtividade”, reinventa conceitos (por exemplo, criando, para além de “cidadania”, uma florestania) e traz provocações que perturbam as maneiras como vivemos e as ideias políticas e éticas às quais nos vinculamos. Ele não nega que estamos em um momento de crise, mas sugere reorientar nossa capacidade de ação: durante a queda, cair diferente… ou, como ele afirma em Ideias para adiar o fim do mundo: “Por que nos causa desconforto a sensação de estar caindo? A gente não fez outra coisa nos últimos tempos senão despencar. Cair, cair, cair. Então por que estamos grilados agora com a queda? Vamos aproveitar toda a nossa capacidade crítica e criativa para construir paraquedas coloridos? Vamos pensar no espaço não como um lugar confinado, mas com o cosmos onde a gente pode despencar em paraquedas coloridos”.

Nesta seção, reunimos possíveis paraquedas coloridos, ideias seletas de Ailton. Aproveite o salto.

 

Temos de parar de nos desenvolver e começar a nos envolver.

Ailton Krenak, em A vida não é útil, p. 13

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Experimentar a fricção

Eu convido vocês a experimentarem alguma mudança nesse contato e pegarem algum elemento da natureza, como folhas, pedras, terra, um pouco de água, ou outros. A ideia é que vocês tenham alguma experiência daquilo que chamo de fricção com a vida, para não vivermos em câmera lenta. Para vivermos em conexão. Isso permite fazermos uma experiência sensorial, que é exatamente a de transpor essa distância.

Ailton Krenak, em Caminhos para o bem-viver, p. 4

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Fazer floresta em nós

Aí eu me pergunto: como fazer a floresta existir em nós, em nossas casas, em nossos quintas? Podemos provocar o surgimento de uma experiência de florestania começando por contestar essa ordem urbana sanitária ao dizer: eu vou deixar o meu quintal cheio de mato, quero estudar a gramática dele. Como eu acho no meio do mato um ipê, uma peroba rosa, um jacarandá? E se eu tivesse um buritizeiro no quintal?

Ailton Krenak, em A vida é selvagem, p. 7

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Seção de vídeo

Conquistar a cidade para a floresta

Como se vive nos espaços urbanos? O que se deixa para trás e o que se pode aprender com os povos indígenas nesse sentido? Com o conceito de “florescidade”, o escritor, filósofo, artista visual e liderança indígena Ailton Krenak provoca a debater sobre como se pode fazer brotar nas cidades outros modos de vida. Este vídeo conta com uma apresentação feita por Ailton dessa ideia, além de falas da educadora Cristine Takuá e do cineasta Carlos Papá que estão em consonância com ela.

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Moara Tupinambá, Renata Tupinambá e Daiara Tukano escrevem

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Ouvir as vozes do planeta

Ainda há ilhas no planeta que se lembram o que estão fazendo aqui. Estão protegidas por essa memória de outras perspectivas de mundo. Essa gente é a cura para a febre do planeta, e acredito que podem nos contagiar positivamente com uma percepção diferente da vida. Ou você ouve a voz de todos os outros seres que habitam o planeta junto com você, ou faz guerra contra a vida na Terra.

Ailton Krenak, em A vida não é útil, p. 38

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O direito de transmitir a sua memória

Acho gravíssimo as escolas continuarem ensinando a reproduzir esse sistema desigual e injusto. O que chamam de educação é, na verdade, uma ofensa à liberdade de pensamento, é tomar um ser humano que acabou de chegar aqui, chapá-lo de ideias e soltá-lo para destruir o mundo. […] Os pais renunciaram a um direito, que deveria ser inalienável, de transmitir o que aprenderam, a memória deles, para que a próxima geração possa existir no mundo com alguma herança, com algum sentimento de ancestralidade.

Ailton Krenak, em A vida não é útil, p. 55

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Seção de vídeo

Escolas Vivas

As Escolas Vivas fazem parte da rede do projeto Selvagem – ciclo de estudos sobre a vida, criado por Ailton Krenak e Anna Dantes. Mais que instituições formais, são espaços de transmissão contínua de saberes ancestrais, preservação da memória, da língua, da espiritualidade e das práticas comunitárias. A proposta é manter vivas as formas próprias de aprender e ensinar, em diálogo com as realidades locais. Assim, as Escolas Vivas fortalecem identidades, formam novas lideranças e atuam como territórios de resistência cultural e de cuidado com a vida.

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Viver à toa, pisar leve

O pensamento vazio dos brancos não consegue conviver com a ideia de viver à toa no mundo, acham que o trabalho é a razão da existência. Eles escravizaram tanto os outros que agora precisam escravizar a si mesmos. Não podem parar e experimentar a vida como um dom e o mundo como um lugar maravilhoso. [...] Isso é uma religião lá deles: a religião da civilização. Mudam de repertório, mas repetem a dança, e a coreografia é a mesma: um pisar duro sobre a terra. A nossa é pisar leve, bem leve.

Ailton Krenak, em A vida não é útil, p. 59-60

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