Um marco

Em 1964, Eduardo Coutinho começou a rodar um filme sobre João Pedro Teixeira, líder da Liga Camponesa de Sapé, da Paraíba, assassinado dois anos antes por ordem de latifundiários. As filmagens contaram com a participação de camponeses do Engenho Galileia, em Pernambuco, e da viúva de João Pedro, Elizabeth Teixeira, mas foram interrompidas em decorrência do golpe militar. Dezessete anos depois, o diretor retomou o projeto e procurou Elizabeth e outros participantes do trabalho interrompido. O tema central, então, passou a ser a história de cada um deles – e o resultado foi Cabra Marcado para Morrer (1984), longa-metragem que se tornou um marco não só na trajetória de Coutinho, mas também na própria cinematografia nacional.

Acervo Instituto Moreira Salles

Elizabeth Teixeira e Eduardo Coutinho durante as gravações de Cabra Marcado para Morrer, em 1964.

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Acervo Instituto Moreira Salles

Trecho do roteiro da primeira versão (a que não foi finalizada) de Cabra Marcado para Morrer, de 1964.

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Mais que um filme: um evento

Os cineastas Zelito Viana e Eduardo Escorel falam sobre o longo processo de produção e sobre a importância de Cabra Marcado para Morrer (1984).

Viana foi um dos fundadores da produtora Mapa Filmes do Brasil, que lançou o documentário de Eduardo Coutinho; Escorel, por sua vez, foi responsável pela montagem da obra.

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Cena de Cabra Marcado para Morrer (1984).

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Entre 1976 e 1984 – ano de lançamento de Cabra Marcado para Morrer –, Eduardo Coutinho integrou a equipe do Globo Repórter, da TV Globo. Foi para o programa que ele realizou, entre outros, o filme Theodorico, o Imperador do Sertão (1978). O trabalho tem como foco o político e latifundiário potiguar Theodorico Bezerra, que, então aos 75 anos, exercia uma relação de poder típica do coronelismo com os empregados de suas terras. Evidenciando essas relações na própria estrutura da obra, Coutinho passou ao personagem central as funções de narrador e de condutor das entrevistas do filme.

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Quem somos nós

Cabra Marcado para Morrer (1984) tem muito a dizer sobre o período em que foi produzido. Mas o que essa e outras obras de Eduardo Coutinho podem dizer – se é que podem – sobre o momento atual do Brasil?

Depoimentos de:
Beth Formaggini, diretora de produção em Babilônia 2000 (2001), Edifício Master (2002) e Peões (2004).
Cristiana Grumbach, diretora-assistente em Jogo de Cena (2007) e assistente de direção em Santo Forte (1999), Babilônia 2000 (2001), Edifício Master (2002), Peões (2004) e O Fim e o Princípio (2005).
Eduardo Escorel, diretor, montador e crítico de cinema, assinou a montagem de Cabra Marcado para Morrer (1984).

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Acervo Instituto Moreira Salles

Exibição das imagens de Cabra Marcado para Morrer (1984) filmadas em 1964 para a comunidade do Engenho Galileia em 1981.