O legado

O legado de Nise se materializa também nos espaços físicos que ela fundou.

O Museu de Imagens do Inconsciente (MII) foi inaugurado em 1952 e é um centro de estudos e pesquisa na área da saúde mental, aberto ao público. Ali são realizadas exposições com obras de clientes que frequentaram o espaço em diferentes épocas, estando em cartaz atualmente a mostra Museu Vivo, que apresenta parte da produção atual. O espaço cuida da organização e da conservação das mais de 350 mil obras produzidas nos ateliês e do acervo pessoal de Nise da Silveira. Em 2003, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou o tombamento das principais coleções do MII (128.909 obras). Em 2014, o arquivo pessoal de Nise da Silveira foi reconhecido como Memória do Mundo pela Unesco.

Ferramenta essencial para a manutenção do trabalho do MII e do ateliê, a Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente (Samii) foi fundada em 1974 – iniciativa desenvolvida com a colaboração de diversos interessados no tema e no legado de Nise da Silveira. A Samii realiza, desde então, cursos, convênios, projetos de pesquisa, publicações, entre outras ações que visam preservar a memória de Nise e de seu trabalho.

Em 1956 foi fundada a Casa das Palmeiras, clínica pioneira em regime de externato. O espaço foi pensado com base na preocupação de Nise com a alta estatística de reinternações de clientes no hospital – era em torno de 70%. O espaço atua com portas abertas, em regime de externato, e visa ao processo terapêutico, à socialização e à realização de diferentes atividades.

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Museu de Imagens do Inconsciente

Luiz Carlos Mello, diretor do Museu de Imagens do Inconsciente (MII), fala sobre a prisão de Nise da Silveira e como ela ficou “com mania de liberdade”. Comenta a revolta dela ao entrar em contato com os procedimentos à base de eletrochoque e a importância dos tratamentos a partir das expressões artísticas de cada pessoa.

A museóloga Priscilla Moret fala sobre como precisou reaprender os conhecimentos sobre teoria e técnica museológica para lidar com os acervos da instituição e sobre as especificidades da coleção, que cresce espontaneamente.

Gladys Schincariol, coordenadora do MII, explica a importância de arquivar toda a produção realizada pelos clientes para a composição de um prontuário imagético de cada um.

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Casa das Palmeiras, território livre

A artista plástica Martha Pires Ferreira, que atuou no ateliê do Museu de Imagens do Inconsciente (MII), fala sobre a criação da Casa das Palmeiras, em 1956, por Nise da Silveira, no Rio de Janeiro/RJ. O projeto pioneiro de fundação sem fins lucrativos baseava-se na humanização dos tratamentos psiquiátricos e na produção artística dos clientes como forma de terapia. Uma ruptura em relação aos hospitais psiquiátricos existentes na época, que exigiam internações, tinham trancas e não permitiam a expressão artística dos internos. Segundo a própria Nise, “a Casa das Palmeiras é um pequeno território livre”.