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Pensamento esférico

Paulo Herkenhoff, 2025 | foto: Letícia Vieira

Pergunta como resposta: o pensamento esférico de Paulo Herkenhoff

por Leno Veras

Como em uma viagem por caminhos que se bifurcam, desbravar as cartografias mnemônicas de Paulo Herkenhoff exige coragem diante do desconhecido, navegando via espacialidades e temporalidades raramente já avistadas, e vontade de encontrar novos mundos, conectados via buracos de minhoca que erigem mapas para perder-se.

Seu raciocínio, cuja lógica é sempre entrópica, busca conectar universos, operando em escalas múltiplas, capazes de arvorar sinapses que conectam microrganismos a macrocosmos, sempre para que as convergências orquestrem sentidos distintos e diversos, como se fiando via cruzes e pontos. O final, por sua vez, é sempre um começo.

Quando catedrático pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), em parceria com o Itaú Cultural (IC), propôs uma jornada de conhecimento cujo arco contemplava do neocolonialismo ao espaço sideral, um amplo escopo gerado a partir do encontro entre artistas e cientistas: do “retorno à Terra plana” ao “pensamento esférico”.

Nesta homenagem, que celebra sua obra e vida, amalgamadas ao longo da tessitura de décadas de trabalho (imparável, como se predestinado a ascender por órbitas desconhecidas entre galáxias iconológicas), constelamos alguns dos pontos luminosos do desenho que apenas começa a tomar uma forma definida, a de sempre se metamorfosear. 

Tal sorte de costura invisível que alinhava seus horizontes – estas linhas tênues entre passados e futuros, como as que anunciam os galos ao amanhecer, já cantadas pelo poeta, em suas costuras cósmicas – justapôs as nossas estradas, tornando porto o cais: é tempo de comemorar que, ao recobrarmos a memória, haja tanta história para contar.

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“A arte é a última fronteira da indignação.”

Paulo Herkenhoff no discurso de abertura da exposição Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, em 2017

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Seção de vídeo

Parte fundamental de seu processo de pesquisa, os cadernos de anotação de Paulo são dedicados a exposições, artistas, períodos históricos, localidades e muito mais. Neste vídeo, Paulo fala sobre sua coleção de cadernos de anotação, que tem cerca de 500 volumes, e a importância deles para seu processo de trabalho.

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Paulo Herkenhoff em seu apartamento no Rio de Janeiro, em 2009 | foto: Folhapress

“Pensar a arte como um processo experimental da liberdade se cola com a teoria da educação no Brasil.”

Paulo Herkenhoff em depoimento sobre a exposição Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas, realizada no Museu de Arte do Rio (MAR) entre agosto de 2014 e janeiro de 2015

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Uma homenagem a PH | foto: Letícia Vieira

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