Publicidade, uma opção entre o cinema e o teatro
Person não tinha medo de recomeçar. E um dos seus recomeços se deu no meio da publicidade. Após o malsucedido Panca de Valente (1968), ele se viu praticamente obrigado a trabalhar em algo certamente mais rentável e passou a dirigir comerciais para TV.
“eu estava reduzido a zero, sem dinheiro, com uma filha, morando num cubículo e eu tinha que recomeçar tudo e para mim não há nenhum problema em recomeçar”, contou em entrevista ao programa da TV Cultura Luzes, Câmera, em 1975. “Eu me sinto muito à vontade de reiniciar as coisas a qualquer momento que seja necessário. É claro que, com a idade, você vai se tornando mais preguiçoso e vai lutando mais para que você não tenha que partir do zero a cada momento. Mas eu então fui pedir emprego na firma produtora de comerciais de um amigo”, completou.
Foi nessa entrevista para a TV Cultura, ao explicar o que fazia de fato nas primeiras incursões no mundo publicitário – vendia os filmes para as agências de publicidade – que Person soltou a frase que explica bem a forma irônica com a qual encarava essa atividade. Dizendo que havia virado “um vendedor com pastinha embaixo do braço”, ele contou: “Ficava nas antessalas dos mestres, dos gênios da publicidade. Todo mundo sabe disso, que não existe um publicitário que não seja gênio, não é verdade? […] Eu era muito maltratado nessas antessalas, esperava, as pessoas riam de mim”.
Depois a coisa foi crescendo. Person até reabriu a empresa que tinha – Lauper Films – e se colocou no mercado publicitário também como produtor, chegando a ter 24 funcionários. “Então um dia eu acordei e disse pro meu sócio: ‘Olha, amanhã nós temos que fechar essa firma pois ela já está se tornando uma indústria e realmente nós vamos morrer aqui fazendo filmes de trinta segundos’. E eu parei”, disse Person, no programa Luzes, Câmera.
*todos os depoimentos de Luiz Sergio Person foram retirados da transcrição contida no livro Person por Person, com organização de Amir Labaki.
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Realidade na publicidade
Jorge Bodanzky (1942) é fotógrafo e cineasta, tendo estreado no cinema com Iracema, uma Transa Amazônica (1975). Há muitos anos, dedica-se ao gênero documentário.