exposição
O que significa pensar a arquitetura a partir de uma ótica humanista? O trabalho e a vida de João Batista Vilanova Artigas – arquiteto, professor, militante político e articulador de instituições culturais – são uma resposta a essa pergunta. Alinhado à comemoração do seu centenário de nascimento, o Ocupação enfoca a sua trajetória, de 24 de junho a 9 de agosto, no Itaú Cultural, em São Paulo.
Essencial para o urbanismo brasileiro e prestigiado internacionalmente, Artigas tinha como base a convicção de que a arquitetura tem uma função social e de que a profissão nasce do vínculo entre arte e técnica – um projeto, um “desenho”, é tanto funcional quanto expressivo. Além disso, preocupava-se com a integração das construções com a cidade – não deveriam se isolar, mas dialogar com ela.
Engajado, era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Por essa atuação, foi exilado pela ditadura de 1964 e perdeu o cargo de professor na Universidade de São Paulo (USP). Homem da cultura, participou da fundação e da organização de instituições como o Museu de Arte Moderna (MAM) e a seção paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/SP). Educador, defendia – quando o curso ainda era ligado ao de engenharia – uma formação específica e multidisciplinar para o aluno de arquitetura.
Desígnio
Programação Paralela
Encontros e 43 projetos em livro
A exposição reúne desenhos, plantas e manuscritos originais do arquiteto. Vídeos e documentos de época contextualizam o seu percurso e oferecem um panorama da sua produção arquitetônica. Na programação paralela, ocorrem ainda encontros, lançamento de livros e eventos dedicados a crianças e a toda a família.
Os encontros acontecem às quartas, sempre às 20h. Os arquitetos Paulo Mendes da Rocha – em 1º de julho – e Nabil Bonduki – em 8 de julho – tratam dos aspectos principais do pensamento de Artigas. Em 22 de julho, o desenhista Luiz Gê – que também é formado em arquitetura – conversa sobre as relações entre essa área e os quadrinhos. Já em 29 de julho, o músico Jorge Mautner relembra a convivência com o homenageado desta Ocupação.
No dia 1º, também será realizado o lançamento do livro Vilanova Artigas, de Rosa Artigas, filha do arquiteto, e Marco Artigas, o seu neto. A obra analisa 43 projetos – entre construídos e inéditos – que permitem uma discussão de fôlego a respeito do percurso de Artigas, com base em cinco anos de pesquisa no acervo do autor.
Eventos para toda a família
O sábado 11 de julho conta com outro lançamento: o infantil A Mão Livre do Vovô, de Michel Gorski e Silvia Zatz. Os autores criaram uma narrativa sobre desenhos que Artigas fazia para os seus netos, inventando histórias com eles e incentivando-os a criar figuras também. O evento começa às 14h30, com uma contação de histórias baseada na obra, feita pela atriz Ana Luísa Lacombe, e segue até as 16h.
No mesmo dia, ocorre por fim a oficina Casa de Ideias – Desenhos Artigas, na qual as crianças farão um brinquedo baseado nos desenhos infantis usando madeira, plástico, motores, fios, botões e outros materiais. São 40 vagas, com inscrições a partir das 13h30. A atividade será realizada das 14h às 15h30.
Projeto
Seção de vídeo
Arquiteto
Eduardo de Jesus Rodrigues é bacharel, mestre e doutor em arquitetura e urbanismo, além de livre-docente, pela Universidade de São Paulo (USP), onde leciona. Trabalhou no escritório de Artigas durante quatro anos.
Francisco Petracco é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde se formou arquiteto. É doutor em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP). Foi amigo de Artigas.
Geraldo Vespaziano Puntoni é professor da Escola da Cidade. Bacharel, mestre e doutor em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), trabalhou com Artigas no grupo responsável pelo desenvolvimento das habitações da Caixa Estadual de Casas para o Povo (Cecap). De 1988 a 1990, foi diretor-executivo da Fundação Vilanova Artigas.
Shundi Iwamizu é diretor do escritório Shundi Iwamizu Arquitetos Associados e professor da Escola da Cidade. Bacharel e mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), em sua dissertação falou sobre a Estação Rodoviária de Jaú, obra de Artigas.
Privilégio e Segredo
“Em todo o caso, ser arquiteto, meus jovens, é um privilégio que a sociedade nos dá e que eu desempenho como se fosse um segredo, no cantinho de meu escritório, fechado com meus pensamentos e meu desenho.”
[Artigas, em Caminhos da Arquitetura, p.225]
Curriculum Vitae
Passarela do Largo Padre Péricles (1)
Passarela do Largo Padre Péricles (2)
Passarela do Largo Padre Péricles (3)
FAU/USP (1)
FAU/USP (2)
FAU/USP (3)
Ginásio de Guarulhos
Ginásio de Guarulhos
Ginásio de Guarulhos
Ginásio de Guarulhos
Ideia, Pensamento, Sensibilidade
“(…) Nessa altura, o que o arquiteto diz é: ‘Não tenho nada a ver com a força da gravidade, é um obstáculo absurdo, que a idéia, o pensamento e a sensibilidade podem negar dialeticamente’. E negam-no cantando!
Quem diz uma coisa dessas já está lendo na arquitetura, ou escutando a linguagem da forma. E, quando falo isso a vocês, é como quem apela à juventude para ter a sensibilidade de fazer com que cada um de seus edifícios, por mais modestos que possam ser, tenha uma coisa a dizer, com os tijolinhos empilhados, com a simplicidade do fato de construir.”
[Artigas, em Caminhos da Arquitetura, p.224]