Nos Palcos

Laura Cardoso tinha 32 anos quando atuou no teatro pela primeira vez: a peça Plantão 21, sob a direção de Antunes Filho, foi encenada em 1959, muito depois de se estabelecer como atriz no rádio e na televisão.

Ainda que tardia, a carreira de Laura Cardoso nos palcos foi marcada por expressividade e louvor. Fizeram parte desse caminho grandes nomes do teatro brasileiro. Algumas dessas parcerias renderam a Laura premiações importantes. Foram dois prêmios Shell de Melhor Atriz: o primeiro, por sua atuação na peça Vem Buscar-Me que Ainda Sou Teu (1990), com texto de Carlos Alberto Soffredini e Villela, e o segundo pelo papel em Vereda da Salvação (1993), com texto de Jorge Andrade e direção de Antunes Filho.

Laura sempre gostou muito de atuar no teatro – e as lembranças de seus trabalhos são muito queridas. “Passávamos 10, 12 horas dentro do teatro, onde ensaiávamos, ouvíamos palestras e exercitávamos nossa expressão corporal. Nos poucos minutos de intervalo, bebíamos cafezinho e pronto. Escutávamos o sinal da labuta”, ela conta sobre a experiência em Vereda da Salvação. “Narrando assim parece até um trabalho insano, mas é dessa forma que eu, Antunes e alguns colegas de profissão nos sentíamos felizes. Não há lugar melhor do que um teatro, não existe um local onde o tempo passe mais rápido!”

O trabalho mais recente de Laura no teatro foi no espetáculo A Última Sessão (2014), dirigido por Odilon Wagner. O ator e diretor conta que a dedicação de Laura nos palcos é impressionante: “Ela era sempre a primeira a chegar e a última a sair. Quando eu lhe perguntava por que era sempre a última a sair, ela dizia: ‘Porque sempre dá para ficar melhor’”.

“A magia da interpretação está em transmitir sentimentos por meio de entonações, gestos e olhares”

Trecho retirado do livro Laura Cardoso: Contadora de Histórias (2010)

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Laura Cardoso no espetáculo Vem Buscar-Me que Ainda Sou Teu (1990) | reprodução/Lenise Pinheiro

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Relembrando Laura nos palcos

  • 1959  Laura Cardoso estreia no teatro com a peça Plantão 21. A montagem projetou o grupo Pequeno Teatro de Comédia e seu diretor, Antunes Filho
  • 1968 Laura Cardoso integra o elenco da peça As Criadas, de Jean Genet
  • 1972 Chegada oficial da televisão em cores ao Brasil
  • 1973 Com direção de Antunes Filho Venha, encena no teatro a peça Venha Ver o Sol na Estrada
  • 1977 Laura Cardoso interpreta a personagem Canina na peça Volpone, de Ben Johnson, sob a direção de Antônio Abujamra
  • 1980 A atriz encena a peça A Nonna, com texto de Roberto Cossa e direção de Flávio Rangel
  • 1981 A atriz integra o elenco do espetáculo Órfãos de Jânio, de Millor Fernandes, sob a direção de Antônio Abujamra
  • 1989 Encena a peça Cerimônia do Adeus, com texto de Mauro Rasi e direção de Ulysses Cruz
  • 1990-1999 Em 1990, Laura recebe seu primeiro Prêmio Shell de Melhor Atriz pela atuação na peça Vem Buscar-Me que Ainda Sou Teu (1990), com texto de Carlos Alberto Soffredini e Gabriel Villela. A segunda condecoração do mesmo prêmio veio três anos depois, pelo trabalho que desenvolveu com Antunes Filho no espetáculo Vereda da Salvação (1993), de Jorge Andrade
  • 2000-2009 Destaca-se a parceria com Miguel Falabella em Veneza (2004) e com Eduardo Tolentino em Outono e Inverno (2006)
  • 2014-2015 Integrou o elenco do espetáculo A Última Sessão, ao lado de Miriam Mehler, Nívea Maria, Gésio Amadeu, Gabriela Rabelo, Yunes Chami e Etty Fraser, dirigida por Odilon Wagner

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Cenas do espetáculo Vereda da Salvação (1993) | reprodução/Emidio Luisi

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Seção de vídeo

Teatro

Laura Cardoso fala sobre a necessidade de o ator estar atento às mudanças na forma de atuar, de acompanhar a caminhada do tempo. O crítico de teatro José Cetra Filho conta algumas montagens das quais Laura participou, enquanto mostra alguns programas de peças. O ator Luís Melo fala sobre a pesquisa intensa e força da atriz ao interpretar uma mãe em Veredas da Salvação, peça dirigida por Antunes Filho. O autor e diretor Miguel Falabella trata das técnicas de comédia de Laura e de como ela consegue envolver a plateia e surpreender. O autor e diretor de teatro Odilon Wagner e a atriz Etty Fraser comentam A Última Cena, mais recente peça com participação da atriz.

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"Todo jovem que deseja seguir carreira artística deveria estudar teatro. É ele o grande professor do ator, a preparação mais importante, porque o palco não mente. As cortinas se abrem e o espetáculo começa, sem interrupções, sem truques. Os outros veículos têm as suas peculiaridades e encantamentos, mas a base se adquire no teatro. É diante da plateia que se aprende a ter postura, a olhar e a impostar"

Trecho retirado do livro Laura Cardoso: Contadora de Histórias (2010)

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