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A palavra conduz

“E eis que depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma hora da madrugada ainda em desespero – eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. e você é você. É vasto, vai durar”
– Clarice Lispector em “Água viva” (1973)

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Maria Bethânia em Salvador (BA) | imagem (autoria e acervo): Ana Basbaum

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Desde menina, a palavra literária

Os irmãos Rodrigo, Roberto e Mabel Velloso e o sobrinho J. Velloso confirmam o amor de Maria Bethânia pela literatura, algo nela incentivado desde a infância e que se amplia e fortalece a cada poema, romance ou conto que a sensibiliza.

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Maria Bethânia | imagem: Jorge Bispo

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"Habitando a poesia cênica, a poesia escrita, a poesia da música e a da vida"

Moreno Veloso
Músico e sobrinho

Se você pudesse definir Maria Bethânia em um verbo, qual seria?
Minha tia Bethânia é o verbo ser. Ela é quem ela é em todos os momentos de todos os dias sem consumação, sem cansaço e sem esmorecer um segundo. Integralmente, atemporalmente, habitando a poesia cênica, a poesia escrita, a poesia da música e a da vida. Estando em casa ou na festa, fazendo shows ou atuando no cinema, lendo em voz alta ou para si mesma, ela não deixa em nenhum momento de perseguir a força da poesia do mundo e de trabalhar por ela e para ela. Sendo esta a sua própria força e origem vital de sua energia artística e pessoal.

Exceto música, que assunto você gostaria de conversar com Bethânia? Ou que pergunta você faria para ela?
Ela é minha tia e tenho a sorte de poder conviver com ela e perguntar tudo que me vem à cabeça mas não me dou por satisfeito e recentemente gostaria de perguntar a ela se ela ainda gosta de animais domésticos como antigamente. Porque me lembro que havia em sua casa mais de dez cachorros de muitos tipos e raças distintas no tempo que eu era criança. Não sei se ela ainda tem ou quais seriam. Da próxima vez que encontrar com ela vou perguntar.

Qual música você escolheria para mostrar que você e Bethânia são intensos? Por quê?
Embora eu não seja intenso de forma alguma e muito menos se me comparar com a incrível força que minha tia tem, eu escolheria a música “Fera ferida”, de Roberto e do Erasmo Carlos porque essa canção tem um pouco de tudo desde o lirismo e a beleza harmônica até a gravidade da pancada seca do destino que mesmo sendo incontornável é encarada de frente e sem eufemismos. A interpretação de minha tia é magistral!

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Lar

Maria Bethânia na Casa das Canoas, onde mora no Rio de Janeiro (RJ) | imagem (autoria e acervo): Ana Basbaum

"Ser!"

Luedji Luna
Cantora e compositora

Se você pudesse definir Maria Bethânia em um verbo, qual seria?
Ser!

Exceto música, que assunto você gostaria de conversar com Bethânia? Ou que pergunta você faria para ela?
Passaria horas falando de astrologia, de como é bom e caótico ser geminiana. 

Qual música você escolheria para mostrar que você e Bethânia são intensos? Por quê?
“Âmbar”, minha música e disco prediletos. 

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Maria Bethânia em Cabuçu, praia na Bahia | imagem (autoria e acervo): Ana Basbaum

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"Não dá para definir Bethânia em um verbo só"

Lan Lanh
Percussionista e compositora

Se você pudesse definir Maria Bethânia em um verbo, qual seria?
Não dá para definir Bethânia em um verbo só. Poderia ser o verbo causar. Poderia ser também usar; antecipar (ela antecipa as coisas), cantar (esse dom que os deuses e as deusas deram para ela), namorar (ela é uma pessoa que vive as paixões e se vê isso no palco, aqueles olhinhos brilhando), emocionar, inspirar. Acho que são muitos verbos para dizer um pouco de Bethânia.

Exceto música, que assunto você gostaria de conversar com Bethânia? Ou que pergunta você faria para ela?
Eu tinha esse sonho de tocar com Bethânia, um desejo realizado em um momento em que me senti preparada, inteira, após muitos anos de carreira, com uma experiência de vida que me tranquilizou para estar do lado dela. Depois, já tocando com ela, tinha o sonho de tomar uma cerveja com Bethânia. Também já realizei esse outro sonho: no fim de uma temporada, a gente toma uma cerveja e aí surgem os assuntos. Vem a molecagem, essa Bethânia moleca de Salvador. E, para ela, gostaria de contar coisas que não tenho muita coragem de contar. Por exemplo: conversar sobre um projeto para o qual fiz a trilha original, um documentário que reúne música e poesia, tudo que ela gosta.

Qual música você escolheria para mostrar que você e Bethânia são intensos? Por quê?
Acho que “Explode coração”. Somos geminianas, fazemos muitas coisas ao mesmo tempo, nos entregamos de coração, de corpo e alma, sem medo de ser feliz.

 

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“Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio. Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito”
– Fernando Pessoa (Álvaro de Campos), “I - Vem, Noite antiquíssima e idêntica,”

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"Inspira muitas outras mulheres"

Sônia Guajajara
Ministra dos Povos Indígenas do Brasil em 2024

Se você pudesse definir Maria Bethânia em um verbo, qual seria?
Maria Bethânia lembra o verbo inspirar, porque sua música transcende diferentes gerações, inspira muitas outras mulheres e continua atual. Ela ensina o valor da vida para todas as pessoas. 

Exceto música, que assunto você gostaria de conversar com Bethânia? Ou que pergunta você faria para ela?
Gostaria de perguntar a Bethânia como ela avalia o protagonismo de muitas mulheres, mulheres ocupando, cada vez mais, espaços na política, já que, ao longo de sua trajetória, ela acompanhou todo esse avanço, toda essa luta por direitos das mulheres.

Qual música você escolheria para mostrar que você e Bethânia são intensos? Por quê?
“Brincar de viver”, porque lembra muito a minha trajetória de vida, mostra o quanto a luta é constante e que a história não tem fim. Assim como diz a letra, ninguém é o centro do mundo. A nossa luta é coletiva e, portanto, as conquistas também são.

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"Numa tacada só, ela me fez sentir três estágios da razão, da emoção e do sonho"

Almério
Cantor e compositor

Se você pudesse definir Maria Bethânia em um verbo, qual seria?
Transcender. Numa tacada só, ela me fez sentir três estágios da razão, da emoção e do sonho. Ela sempre transcendeu nossa alma, desde a primeira vez que cantou na vida. Ela tem uma voz com muitas camadas. Essa dança que a voz dela faz com a melodia, com esse jeito só dela de cantar e interpretar, com esses avanços e pausas, leva a gente para esse lugar de transcendência. Do mais intelectual à pessoa mais ignorante.

Exceto música, que assunto você gostaria de conversar com Bethânia? Ou que pergunta você faria para ela?
Queria falar sobre a simplicidade da vida, que é a coisa que mais me comove. Sobre o dia a dia. Nunca pensei no que perguntaria a ela, mas acho que seria qual o estágio humano ou espiritual que ela mais gosta de pousar ou estar.

Qual música você escolheria para mostrar que você e Bethânia são intensos?
“Além da última estrela”. Poderia cantar mil, mas foi a primeira que veio à cabeça. E me emociona demais o último verso, por causa da minha música que foi gravada por ela (“Quero você”).

“Minhas palavras têm pouco a dizer
Porque teu silêncio é mais
Quem dera ter o prazer
De ser um verso em tua voz”

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