Ocupação Itaú Cultural

Em 1967, Tônia Carrero assumiu um dos papéis mais emblemáticos de sua carreira: a prostituta Neusa Sueli, de Navalha na carne. O texto de Plínio Marcos narra uma história que se passa em um quarto de bordel, onde a prostituta Neusa Sueli, o cafetão Vado e o homossexual Veludo, empregado do estabelecimento, encarnam a realidade crua da violência e da marginalização social. Inicialmente proibido pela censura, o texto ganhou grande repercussão entre críticos e intelectuais do teatro e Tônia tem participação decisiva no processo de liberação da montagem, realizada no Rio de Janeiro e dirigida por Fauzi Arap. Em Navalha na carne, Tônia desafia a crítica ao mergulhar em um universo que, àquela altura, destoava de sua trajetória artística, abandonando padrões de beleza e vaidade e enchendo a boca de palavrões, dando vida ao texto de Plínio Marcos.

“Nunca pensei que Navalha na carne seria um marco na minha carreira. Para dizer a verdade a gente nunca pensa antes sobre isso, constata depois. Minha carreira foi feita de estágios, que fui vencendo um a um e querendo mais. Nunca me acomodei quando alcançava uma etapa, pelo contrário, lutava – e ainda luto – bravamente para alcançar outra. Essa é a minha história” – Tônia Carrero, trecho do livro Movida pela paixão (2009), de Tania Carvalho.