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Entre artistas e intelectuais

Mario era um articulador. Desde as reuniões com artistas em sua casa até as operações realizadas para a formação de museus e outros projetos, passando pelas ações políticas com que se envolveu, era um homem que produzia conexões, espaços de interação com capacidade de produzir coisas novas. Nesta seção, nos inspiramos nisso, articulando esta Ocupação com outros materiais que ampliam o alcance do nosso olhar sobre Mario. Por um lado, apresentamos relações marcantes na trajetória do crítico – com artistas como Lygia Clark e Alexander Calder, por exemplo –, indicando conteúdos que aprofundam os saberes sobre os temas que interessaram o homenageado desta Ocupação. Por outro, convidamos críticos contemporâneos que atuam em áreas nas quais ele foi pioneiro para escreverem, demonstrando como se atualizam hoje os debates que Mario abrangeu.

Plural, disposto ao diálogo, atento

A atividade crítica de Mario Pedrosa abarca muitos artistas e movimentos, no Brasil e no exterior. Sempre atento e com visão aberta ao debate, ele se dedica à história da arte e seus textos alcançam uma diversidade de nomes.

Seu trabalho, com frequência associado aos embates contra o figurativismo e a favor da abstração geométrica e da arte experimental da década de 1970, se dedica também a tendências como o Impressionismo, o Cubismo, o Surrealismo e a Pop Art.

Mario escreve sobre Modigliani, Kandinsky, Mondrian, Delaunay, Morandi, Lygia Clark, Lygia Pape, Volpi e Guignard, entre tantos outros artistas, muitos dos quais se tornam interlocutores e amigos pessoais. Interessa-se pela arquitetura e é um dos entusiastas do trabalho de Lucio Costa e Oscar Niemeyer em Brasília.

No fim da vida, passa a manifestar uma visão mais crítica sobre a efetividade das vanguardas e o papel transformador da arte na sociedade. Mario Pedrosa foi acima de tudo uma pessoa crítica e atenta ao seu tempo, não se deixando levar por modismos e sempre fiel às suas convicções.

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Mario Pedrosa em sua biblioteca, tendo à direita os artistas Abraham Palatnik e Geraldo de Barros, e, à sua esquerda, os também artistas Lidy Prati, Tomás Maldonado, Almir Mavignier e Ivan Serpa, c. 1949 acervo Família Pedrosa

Mario Pedrosa em sua biblioteca, tendo à direita os artistas Abraham Palatnik e Geraldo de Barros, e, à sua esquerda, os também artistas Lidy Prati, Tomás Maldonado, Almir Mavignier e Ivan Serpa, c. 1949
acervo Família Pedrosa

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Seção de vídeo

O artista como inventor

A leitura da teoria da Gestalt feita por Mario Pedrosa é peculiar, diz o pensador e curador Marcio Doctors. “Mario está mais preocupado com o artista inventor”, ele completa. Já a socióloga e professora Glaucia Villas Bôas fala da revisão e dos desdobramentos da obra de Mario Pedrosa para a contemporaneidade.

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O desafio de Pedrosa ou a radicalidade do real, por Marcio Doctors

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Calder e Mario

O efeito da obra de Alexander Calder sobre as concepções estéticas de Mario Pedrosa foi categórico: “uma revelação”, declarou tempos depois de ter assistido à mostra do norte-americano em Nova York, sobre a qual escreveu para a imprensa brasileira.

Quando Calder visitou o Brasil, Pedrosa publicou no Diário de S.Paulo o ensaio “A máquina, Calder, Léger e outros” (1948), no qual analisa a obra do artista que, “em oposição dialética à civilização americana, fundada no negócio pelo negócio”, erguia-se como o nome mais representativo da nova arte de seu país. “Precisamente tal oposição faz de Calder um expoente dessa cultura, revelando o que nesta pode haver de são e suscetível de desenvolvimento.”

O crítico dedicou especial atenção aos móbiles de Calder, que materializavam uma poética encantadora com suas múltiplas configurações provocadas “pelo sopro ofegante de um homem, por uma rajada de ar, uma vibração e um abalo qualquer”. Escreveu também “Calder, escultor de cataventos” (1944).

Conheça mais sobre o trabalho de Calder na playlists de vídeos da mostra Calder e a arte brasileira, realizada pelo Itaú Cultural em 2016.

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Mary Houston e a artista visual Lygia Clark jogando cartas, 1955/1957
imagem: autoria desconhecida / Centro de Estudos do Movimento Operário Mario Pedrosa (Cemap) – Acervo Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista (Cedem/Unesp)

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Lygia, Mario e Mary

Lygia Clark foi grande amiga e confidente de Mario Pedrosa e Mary Houston. Ao lado de outros artistas, frequentou o apartamento do casal e também manteve trocas por meio de cartas – essa relação teve um papel importante na formação da artista e no desenvolvimento de suas obras.

Sobre Lygia, Pedrosa escreveu na década de 1950: “Ressaltemos nela, antes do mais, a coragem, a afoiteza, ou, como costuma dizer, ‘a tendência suicida’, quando com isso quer significar a fidelidade à ideia e à indiferença do artista pelo sucesso imediato”.

Em 2012, o Itaú Cultural realizou a exposição Lygia Clark: uma retrospectiva. Acesse os vídeos da mostra, com as proposições da artista e entrevistas sobre o seu trabalho.

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Relação com artistas: influência e confidente

Mario Pedrosa, para além da sua produção textual, era uma influência decisiva no meio artístico de sua época: articulador de ideias, provocador de diálogos, o crítico impactou a trajetória de artistas como Abraham Palatnik e Lygia Pape. Sobre isso falam neste vídeo o pensador e curador Marcio Doctors, o músico e artista visual Quito Pedrosa, a fotógrafa Bel Pedrosa e a crítica de arte Aracy Amaral.

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A psiquiatra Nise da Silveira e Mario Pedrosa no lançamento de Museu de Imagens do Inconsciente, livro que compõe a coleção Museus brasileiros, da Fundação Nacional de Artes (Funarte). O evento ocorreu no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1980
arquivo pessoal Nise da Silveira

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Nise e Mario

Em 1946, a psiquiatra Nise da Silveira iniciou um projeto que teria impacto em Mario: a Seção de Terapêutica e Reabilitação, no Centro Psiquiátrico Pedro II, hospital situado no bairro Engenho do Dentro, no Rio de Janeiro. Junto ao pintor Almir Mavignier, a médica procurou um tratamento mais humano dos pacientes – a quem ela preferia, para exaltar sua autonomia, chamar de clientes –, fundado no contato com a arte e na criação.

Um ano mais tarde, em 1947, Mario Pedrosa conhece a iniciativa. A experiência lhe dá a inspiração do texto “Arte, necessidade vital” (disponível na seção O crítico de arte). Após essa primeira investida, ele voltaria a atuar no eixo entre arte e loucura várias vezes, por exemplo, orientou a mostra 9 artistas de Engenho de Dentro do Rio de Janeiro, realizada no Rio em 1949, e escreveu sobre a obra do artista Emygdio de Barros.

Nise também foi homenageada pelo programa Ocupação. Visite o site.

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Mario móbile, por Marcos Augusto Gonçalves

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