O presidente da Bienal de São Paulo Francisco Matarazzo Sobrinho, conhecido como Ciccillo Matarazzo, Mario Pedrosa e o secretário geral da segunda Bienal Arturo Profili em frente ao Pavilhão da Bienal, 1953?
imagem: autoria desconhecida
coleção Fundação Bienal de São Paulo/Arquivo Histórico Wanda Svevo
Parceria com a Bienal de São Paulo
Mario Pedrosa estabeleceu relações próximas com a Bienal de São Paulo desde o início. Da segunda edição, entre o fim de 1953 e o início de 1954, ele foi encarregado de organizar o programa artístico. Graças aos seus esforços, participaram do evento artistas renomados, como Pablo Picasso, Paul Klee, Piet Mondrian, Edvard Munch, Henry Moore, Marino Marini e Alexander Calder.
Entre as muitas salas retrospectivas organizadas, como de Oskar Kokoschka, James Ensor, Joan Miró e Petar Lubarda, além de outras dedicadas aos movimentos cubista e futurista, um dos destaques da mostra foi a icônica Guernica, de Pablo Picasso, pela primeira vez no Brasil, cedida pelo Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Pedrosa considerava a obra uma das grandes realizações artísticas daquele tempo, e a 2ª Bienal de São Paulo veio a ser conhecida como “a Bienal da Guernica”, tamanha a importância desse feito.
O crítico também fez parte do júri de premiação da edição seguinte do evento, em 1955, e integrou a comissão de premiação da 4ª Bienal de São Paulo, em 1957. Nesta edição, sua influência pôde ser sentida pela presença popular e pela atuação dos monitores, algo caro a Pedrosa. A mostra contou com quase 5 mil obras, de 50 países e 681 artistas, e consolidou nomes como Lygia Clark, Alfredo Volpi, Amilcar de Castro e Iberê Camargo. Após visitá-la, o crítico francês Pierre Restany deixou uma pergunta, como que um presságio: “Terá o Brasil outros homens da envergadura internacional da de Pedrosa?”. A resposta veio de Aracy Amaral, anos depois: “Não existe crítico de arte como Mario Pedrosa mais, não vai existir e não existiu!”.
No início da década seguinte, ele foi secretário-geral da 6ª Bienal de São Paulo. Na época, a mostra não possuía curador, e Pedrosa exerceu um papel de coordenação. Após viajar de março a maio daquele ano pela Europa e pelas Américas realizando contatos e convites, o crítico propôs um evento de caráter museológico, com a inclusão de salas de arte barroca paraguaia nas missões jesuíticas, de arte aborígene australiana e de caligrafia japonesa.
Em um texto de 1973, ele ressaltou a importância da criação da Bienal de São Paulo, caracterizando-a como a última etapa do desenvolvimento da arte moderna no Brasil.